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Escola cancelou aulas dois dias antes do congresso do PCP

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A escola secundária Dr. António Carvalho Figueiredo avisou, na última terça-feira, os pais dos alunos que teriam educação física na quinta e sexta-feira de que a atividade letiva não se iria realizar devido ao encerramento do pavilhão Feliciano Bastos para realização do XXI congresso do PCP.

No mail enviado pelos diretores de turma aos encarregados de educação, a que o DN teve acesso, é dito que “no próximo dia 26 de novembro de 2020, devido ao encerramento do pavilhão Feliciano Bastos para realização do XXI congresso do PCP, não há aula de Educação Física”. Mail idêntico seguiu para os alunos que tinham aulas na sexta-feira. O pavilhão ficou afeto ao encontro partidário na quinta, dia em que começou a ser preparado para servir de refeitório aos congressistas, e na sexta, data em que teve início o congresso dos comunistas.

Quem não gostou do cancelamento da atividade letiva foram alguns dos encarregados de educação. Ao DN, o pai de um dos alunos que ficou sem a aula de educação física diz não perceber o cancelamento numa altura em que são cortados dias de aulas (as duas próximas segundas-feiras) e em que as escolas vivem sob o risco de ter de suspender a atividade letiva presencial devido à pandemia. E numa altura em que se aproxima a avaliação nas várias disciplinas ciurriculares, nomeadamente na educaçãpo física.

Muito embora esteja inserido no espaço escolar o pavilhão Feliciano Bastos é de gestão municipal e tem uma entrada autónoma – precisamente a que foi usada pelos delegados ao congresso do PCP. O que acontece, habitualmente, nestes casos é que os pavilhões são consignados à atividade letiva, ficando na disponibilidade do município para atividades extra letivas, mas fora do horário escolar.

Para realizar o seu XXI congresso, o PCP reservou quer o pavilhão da escola secundária, quer as instalações próximas dos Bombeiros Voluntários de Loures para as refeições dos participantes no encontro, dado que Loures é um dos concelhos de risco elevado de contágio da covid-19 e, nessa medida, sujeito ao recolher obrigatório e ao encerramento dos estabelecimentos de restauração a partir das 13 horas, durante o fim de semana.

A questão do cancelamento das aulas de educação física já tinha sido levantada pelo PSD de Loures, que questionou a Câmara Municipal, liderada por Bernardino Soares (do PCP) sobre o encerramento do pavilhão. Os sociais-democratas emitiram depois um comunicado queixando-se da falta de resposta da autarquia, considerando que “não é aceitável que centenas de alunos se vejam privados das suas aulas normais de educação física e que, para assistir a outras disciplinas, tenham que cruzar-se a poucos metros com os cerca de 600 congressistas”.

Presente no congresso, o autarca de Loures, Bernardino Soares, disse à agência Lusa não ter “qualquer comentário a fazer” sobre este assunto.