Agora estamos num novo momento. Paulatinamente, vamos voltando ao ensino presencial. Começamos com o 11º e 12º e estamos a fazer um esforço para que o pré-escolar também possa regressar”, disse o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que abriu o debate desta manhã, no âmbito das conferências “Preparar o Futuro”.
O ministro elogiou a forma “notável” como as escolas e profissionais “adaptaram os seus planos de ensino à distância”, numa mudança que considerou “drástica”. “Os professores têm um conhecimento das dificuldades e encontraram as melhores práticas para dar resposta a todos os problemas. A pandemia mostrou uma grande capacidade de resiliência e maturidade do sistema de ensino português”, disse Brandão Rodrigues.
A digitalização, o ensino remoto e a literacia digital já faziam parte do programa do Governo, mas o surto da covid-19 acabou por antecipar algumas das soluções provisórias num tempo de isolamento social. Apesar do futuro incerto, há uma opinião consensual entre os vários especialistas deste debate: os professores continuarão a ser insubstituíveis.
O debate contou com a participação do ex-ministro e atual presidente da Iniciativa Educação, Nuno Crato, além dos comentários de Vítor Calado, Diretor da Rede Açores e Madeira do Banco Santander, e das intervenções de Isabel Alçada e do diretor do INESC e professor do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira. Eis as principais conclusões.
2020/21
É o ano de todas as incertezas. Uma das possibilidades é a aposta do Governo num ensino misto, dividido entre aulas presenciais e online. “Todos entendemos que o ensino à distância pode ter mais valias, inclusivamente alicerçar a formação de alunos. Mas como pratica total acreditamos todos que não venha a acontecer”, disse o ministro Tiago Brandão Rodrigues.
SEGURANÇA
A incógnita dos próximos tempos: seremos capazes de controlar a pandemia e recuperar a saúde? Trata-se, na opinião do reitor da Nova School of Business, de uma questão fundamental com impacto na educação. “No próximo ano letivo a prioridade é proteger as pessoas e a saúde. Sem isso não há confiança, educação, nem economia”, disse Daniel Traça.
TECNOLOGIA E TRADIÇÃO
Para o professor do Instituto Superio Técnico, Arlindo Oliveira, um modelo “híbrido” será sempre transitório. “A pandemia acelerou as competências tecnológicas, facilitou o ensino à distância, mas, na prática, não vai mudar tão profundamente o modelo de educação, que ao fim de 500 anos continua baseado num professor em frente a dezenas de alunos”
ONDE INVESTIR?
Nuno Crato considera essencial apostar no ensino de qualidade. “Temos de investir num bom currículo, exigente, organizado e progressivo, que chame os alunos para o século XXI, com bons manuais escolares, avaliação frequente e apoio tecnológico. Não podemos deixar para trás jovens com dificuldades de leitura ou em matemática”. Segundo o último Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, da OCDE, um quinto dos portugueses jovens tem dificuldades básicas de leitura. “A intervenção precoce é essencial”, disse Isabel Alçada.
INCLUSÃO DIGITAL
Foi um dos debates que surgiu da reorganização escolar imposta pela pandemia. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, mais de 5% dos estudantes com menos de 15 anos não tem internet nem computador em casa. “A existência de equipamentos a todos os alunos tem de ser uma certeza”, disse Brandão Rodrigues. Numa palavra: “equidade”.
Fonte: Expresso