https://www.dn.pt/5581206772/educacao-em-alerta/
Esta semana tivemos mais um diagnóstico terrível para o setor da Educação: mais de 40% dos adultos portugueses (dos 16 aos 65 anos) apenas conseguem entender textos simples e fazer cálculos básicos.
E se o leitor achar esta conclusão, noticiada pelo DN na quarta-feira (dia 11), demolidora, o que lhe parece esta frase do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE): “Na literacia, os adultos com Ensino Superior em Portugal, por exemplo, obtiveram resultados inferiores aos dos adultos com Ensino Secundário na Finlândia”?
O documento deixa vários alertas, por exemplo: na literacia e numeracia os adultos portugueses ficam apenas acima do Chile – são 31 os países incluídos no estudo – e na resolução de problemas o país surge em 27.º lugar (será uma consequência do muito falado desenrascanço?).
A verdade é que este relatório é mais um a chamar a atenção para as dificuldades que o setor da Educação enfrenta. Primeiro o PISA (análise da OCDE aos alunos nas disciplinas de Matemática, Leitura e Ciências), em que os alunos nacionais registaram uma queda acentuada na avaliação a essas áreas. E há sete dias foi conhecido o resultado do Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), no qual foram avaliados os conhecimentos dos estudantes dos 4.º ao 8.º anos a Matemática e a Ciências, em que os resultados mostram uma queda estatisticamente significativa, na comparação com 2019, nas duas disciplinas.
São, assim, três documentos a mostrar que há mesmo muito trabalho para fazer na Educação e que o país está agora a sofrer os resultados de opções políticas que não são apenas da responsabilidade de um só partido. São, antes, a consequência de ziguezagues e alterações muitas vezes criticadas por aqueles que trabalham diariamente nas escolas e que sabem das dificuldades enfrentadas a diversos níveis e, é bom lembrar, até de algum facilitismo que se instalou com alterações ao nível das avaliações e da exigência aos alunos e pais – incluindo também os professores.
Resta-nos esperar por medidas que possam começar a inverter esta situação, com a certeza que vai demorar muitos anos para que tal aconteça…