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E se as escolas voltarem a encerrar?

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A falta de acompanhamento directo dos professores durante o ensino à distância pode, “nos casos mais extremos” ter impulsionado o abandono escolar. O alerta (devidamente corroborado pelo facto de, em 2020, as escolas terem sinalizado às comissões de protecção de crianças e jovens 1900 alunos em risco de deixar de estudar) partiu da Provedora da Justiça, Maria Lúcia Amaral, e está contido no “caderno da pandemia” dedicado à educação.

Depois de ter passado em revista todas as medidas adoptadas para concretizar o ensino à distância, que vigorou de forma intermitente no último ano, e de ter perguntado a 19 agrupamentos escolares quais foram as maiores dificuldades, aquela responsável confirmou aquilo que já se sabia, isto é, que o encerramento das escolas “aumentou o risco de surgimento ou agravamento de situações de exclusão social”.

Ao longo de cerca de 50 páginas, Maria Lúcia Amaral reconhece os esforços feitos ao longo do ano passado e deste ano para dotar as escolas e os alunos do equipamento informático adequado para garantir o acesso universal à educação, e elogia a decisão, aprovada em Julho, em Conselho de Ministros, de criar uma equipa destinada à definição de uma estratégia de combate ao abandono escolar. E elogia de igual modo o investimento que vem sendo feito no parque informático das escolas, bem como as múltiplas soluções encontradas para manter o fornecimento de refeições a alunos carenciados e para criar circuitos de transporte de entrega domiciliária de material pedagógico.

Por último, e admitindo que “talvez fosse importante orientar esforços no sentido de estabelecer um calendário escolar que planificasse com a maior antecedência possível o número de aulas e o tipo de aulas”, aquela responsável defende que as próprias crianças devem ser chamadas a opinar sobre os mecanismos de ensino à distância, “designadamente através das suas estruturas associativas”. Afinal, as crianças são “os principais destinatários destas medidas e cuja experiência constitui uma fonte de informação muitíssimo relevante”.

Público