Cerca de duas dezenas de representantes da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) estiveram esta terça-feira cerca de oito horas no Ministério da Educação (ME), entre as 11h e as 19h, pressionando para que a tutela agendasse uma reunião negocial para debater os problemas do sector. Mário Nogueira, secretário-geral da federação, acusou o ministro da Educação de “desrespeito pelos professores e pelas organizações sindicais” e adiantou que não obtiveram qualquer tipo de resposta durante todo o dia.
O principal motivo de insatisfação da Fenprof é a inexistência de medidas relacionadas com a profissão no Orçamento de Estado (OE) que alterem o actual estado do ensino. Mário Nogueira contou ao PÚBLICO que a 7 de Outubro entregou ao Ministério da Educação propostas da federação sindical relativas “ao funcionamento das escolas, aos recursos que elas têm, aos problemas dos professores relacionados com a carreira, a precariedade e o envelhecimento”.
Mário Nogueira explicou que o momento mais “insólito” deste dia foi quando os sindicalistas foram proibidos, pelo segurança que estava de serviço, de irem à casa de banho das instalações da tutela. O Ministério da Educação, contactado pelo PÚBLICO, informou que “não foi o ministério a dar ordens para condicionar o acesso à casa de banho”, que mais tarde, indicou fonte da Fenprof, terá sido desbloqueado por intervenção de um agente da PSP que estava de serviço no edifício do ME.
O secretário-geral da Fenprof revelou à Lusa que a última vez que se reuniram com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, foi em Janeiro de 2020. “Este senhor ministro fez uma reunião com as organizações sindicais para dizer que ou prosseguimos pelos seus caminhos e íamos pela auto-estrada ou então iríamos por becos sem saída”, contou. Desde aí que estruturas sindicais têm pedido que sejam agendadas novas reuniões, mas Mário Nogueira garante que nunca tiveram resposta.
A falta de professores nas escolas e o envelhecimento do corpo docente são alguns dos problemas que a Fenprof diz terem de ser combatidos através de medidas que tornem a profissão atractiva, principalmente para jovens que acabaram por “desistir” dela e para futuros profissionais. Mário Nogueira defende que uma das medidas que poderia ser tomada no imediato é “completar os horários que têm apenas metade das horas lectivas ou pouco mais que isso”, que se traduzem em “salários brutos entre os 800 e os 900 euros”.
O regime de vagas que, segundo Mário Nogueira, neste momento “impede cinco mil professores de progredir na carreira”, as regras de avaliação de desempenho, que “criam injustiças tremendas”, e o facto de haver professores que só entram nos quadros “perto dos cinquenta anos” são outras questões que a Fenprof quer ver debatidas.
Mário Nogueira diz que é “tempo de os professores fazerem-se ouvir” e de “irem para a rua”, porque o descontentamento já não pode apenas ser demonstrado através de “abaixo-assinados”. E não descarta a possibilidade de ser convocada, entretanto, uma nova greve de docentes. Com Clara Viana
e depois alguém os convidou?.. este deve pensar que está no PREC
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