Ouvi hoje com algum agrado o Ministro da Educação propor, finalmente (!), uma forma de minimizar os efeitos que a suspensão das aulas presenciais terá. Pela primeira vez parece que no ME estão a pensar e planear antes de agir!!
Tendo sido dito pelo secretário de estado João Costa, numa reunião que decorreu há poucos dias, que a grande preocupação é “a do acesso universal à escola, sendo que os alunos sem conectividade e com fracos recursos tecnológicos, podem ficar excluídos das formas de ensino à distância baseadas apenas em formatos digitais”, fico a pensar se a solução agora proposta (aulas através da televisão pública) irá realmente encurtar as diferenças entre os alunos de diferentes realidades sociais…
Quando muitos dos alunos têm pais com apenas a 4a classe ou que não sabem ler nem escrever (pois, ainda existem!!), que acompanhamento poderão ter em casa? Quem os irá orientar num plano de estudos? Tirar dúvidas, ajudar a organizar as tarefas, gerir o tempo de aprendizagem… Para alunos de 1º ciclo, em famílias pouco escolarizadas, não será uma tarefa fácil. Com a agravante de que muitos destes pais, por pertencerem a um estrato socioeconómico baixo, com trabalhos precários, neste momento têm como prioridade a sobrevivência, e a Escola não faz parte desse objetivo. E são os filhos destes pais que estão sempre em desvantagem, quer na escola, quer na vida.
Claro que os professores continuarão a tentar chegar a todos, encurtar distâncias usando as ferramentas disponíveis, tentando incluir todos aqueles que à partida estarão excluídos mas, infelizmente, nem sempre conseguimos fazer milagres…
Sofia Lopes