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Diário De Uma TEIP – Dilema: Gripe ou Covid?

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Primeiro dia de aulas do segundo período… Ainda de “ressaca” destes dias olhamos para as caras ensonadas que nos rodeiam, orgulhosas nas suas roupas novas que as mães compraram para o natal, escondidas por cachecóis e carapuços. Tentamos fazer um ar encorajador e animado e dizemos «Bom dia! Bom Ano…», a quem vai chegando.

Ao abrirmos a porta da sala de aula, uma corrente de ar frio vinda diretamente da terra do Pai Natal, faz-nos querer voltar rapidamente para trás. Inspiramos fundo, entramos e dizemos às crianças para se sentarem. Estas olham para nós de olhos arregalados, de repente já acordadas com a lufada de ar gélido que receberam vinda de dentro da sala. «Tirem o material da mochila, as luvas para começarem a escrever, o gorro da cabeça…». E eles, de mãos nos bolsos, ficam apenas a olhar. E a nós apetece-nos fazer o mesmo, esconder as mãos, deixar o casaco abotoado até ao pescoço, esconder o queixo e o nariz no cachecol… Mas não, temos de dar o exemplo: «Vamos lá abrir as janelas! E não fechem a porta…» Ao fim de poucos minutos começam os queixumes, «Tenho frio!», «Professora, feche as janelas», «Vem frio do corredor!», «Eu consigo escrever de luvas!», a juntar à queixa habitual «Tenho fome, não comi de manhã, falta muito para o recreio?».

Por curiosidade pego no telemóvel para ver numa daquelas aplicações que instalamos só porque sim, a temperatura que está no interior da sala… quatro graus… Olho novamente para verificar que não me enganei e não, não me enganei. Mesmo com o aquecedor ligado (um aquecedor que deve ter cerca de trinta anos), a temperatura pouco sobe; chegamos ao final do dia com uns tórridos seis graus, numa batalha para conseguir que os alunos trabalhem alguma coisa, entre os queixumes e o esfregar das mãos. E foi assim a saga que durou toda a semana e que, provavelmente, terá a parte II nos próximos dias.

Cumprimos as regras impostas para evitar os contágios com Covid, janelas e portas abertas, mas condenamos professores e alunos ao frio diário, às constipações, gripes e até outras maleitas bem mais graves, que irão sobrecarregar um SNS já de si sem capacidade de resposta.

Após inúmeras queixas e imagens difundidas em vários meios de comunicação social de alunos tapados com mantas em plena sala de aula, vem a DGS fazer um pequeno ajuste nas suas recomendações; afinal podemos abrir as janelas apenas nos intervalos para arejar as salas. Mas então pergunto eu que não trabalho num gabinete quentinho, o pouco calor que conseguimos acumular dentro da sala não vai desaparecer todo com as janelas abertas no intervalo?? Preocupam-se com o bem-estar psicológico das crianças, que não podem voltar a estar fechadas em casa porque precisam de socializar, com as diferenças no acesso ao ensino à distância que deviam ter sido ultrapassadas com os tais computadores que continuam a ser uma miragem, mas a saúde física não é importante (já não falo na saúde de professores e auxiliares, que esses é como se não existissem!).

Além disso parece-me descabida esta necessidade de ter janelas e portas abertas visto que nas escolas não existe o perigo de contágio por Covid-19. Por isso é que todo o país vai entrar em confinamento menos nós, que o vírus chega à porta das escolas e já não entra porque conhece a força e resistência de quem lá trabalha!!