Chegou hoje ao mail do blog VozProf uma denúncia. A preocupação da denunciante é a de não denegrir, ainda mais, as escolas portuguesas e a sua comunidade.
Segundo a autora, existe um grupo no Facebook com o nome “Mães Brasileiras em Portugal #Oficial“.
Na descrição do grupo pode-se ler o seguinte: Grupo de Mães Brasileiras para que possamos trocar experiências ,sugestões,dicas ,ideias, fazer amizades, para que nossas crianças continuem preservando hábitos culturais e alimentares,gostos enfim manterem as nossas raizes, fazerem amizades com outras crianças brasileiras / luso-brasileiras.
No entanto, o que tem acontecido ultimamente no Grupo é uma verdadeira caça ao professor. De repente, dizem por lá, a indisciplina e a violência nas escolas é fomentada pelos próprios professores e auxiliares que são muito violentos e agressivos, quer fisica quer verbalmente com os filhos, nomeadamente os delas e porque são brasileiros.
Esta mãe que denunciou diz-se incrédula com tal movimento, o grupo tem mais de 12 mil membros, e tem receio que aconteça cá o que já acontece no Brasil, o total desrespeito pela escola, na globalidade, e pelos professores, especificamente.
Foi criado um inquérito, em anexo, que não deixa dúvidas quanto à sua intenção, depositar o ónus da violência escolar na própria comunidade escolar, excluindo, claro está, os seus filhos que serão apenas vitimas.
Lendo as perguntas percebemos ao que vêm!
Alguns testemunhos que de lá foi possível retirar são, no mínimo, impressionantes na forma e no conteúdo.
“…Não apenas contra a violência escolar, mas contra o preconceito estrutural. Meus filhos já sofreram bullying e foram agredidos fisicamente, o mais novo foi constrangido por uma das professoras por ser brasileiro e, essa semana, ao buscar transferência para outro concelho, fui atendida arrogantemente pela adjunta de um agrupamento. Segundo eles, “não são preconceituosos, pois a escola tem vários estrangeiros”, mas além da prepotência dessa senhora, ainda fui informada que meus filhos seriam submetidos a uma “prova” e que a única vaga para o do 8° ano é numa turma com 16 alunos, onde segregam todos os que apresentam transtornos, dificuldades de aprendizagem e problemas comportamentais. É um método arcaico, improdutivo, discriminatório e detalhe: meu filho é totalmente saudável, apresenta excelentes notas, é educado, articulado e participativo. Esse perfil consta nos relatórios dos professores da escola de origem, mas mesmo sem conhecer seu histórico, a adjunta xenófoba já fez seu showzinho. Só que dessa vez topou com a mãe errada! Por causa do atendimento grosseiro e sarcástico, da abordagem educacional ultrapassada, da segregação explícita dos que eles consideram indesejados, do preconceito com as crianças estrangeiras e de todos os absurdos que tenho visto, redigi uma carta denúncia de duas páginas à Direção Geral de Educação e mais três departamentos, cobrando providências quanto à essa situação, que tem tomado proporções absurdas. Temos que nos unir, estou super dentro. Posso integrar uma comissão, ser uma das porta vozes, redigir um manifesto e usar meus contatos para publicitar o que for preciso. Ninguém deve ter medo! Mesmo os que ainda não estão legalizados possuem direitos enquanto cidadãos e nossas crianças estão mais do que protegidas pela legislação portuguesa e pela declaração universal de direitos humanos.”
“Mães, eu não sei nem por onde começo… Ontem teve reunião na escola porque uma mãe havia registrado queixa de violência contra o filho. A escola, o agrupamento, a associação de pais e os outros pais, todos invalidaram a dor daquela mãe! Eu fui a única a tentar defender o direito dela de se colocar e fui cortada todas as vezes. Foi muito humilhante… Riram dela, debocharam dela. Hoje, curiosamente, eu mesma vi na escola uma professora fazer exatamente do que ela se queixava com um aluno. Ela estava com o rosto colado no dele, com o dedo em riste entre seus olhos, brigando com ele. A criança de seis anos! Meu deus, tô em frangalhos… Já não dormi assustada com o tratamento que aquela mãe teve e agora isso. Já decidi mudar meu filho de escola mas é possível que sejam todas assim? Quero dizer, não há pedagogia por aqui? É educação na base da opressão e humilhação? Vocês falam com os filhos sobre isso? O que eles dizem? Esse é o meu filho Gabriel e com ele só eu tenho o direito – contestável – de gritar. É por ele que agora estou aqui super assustada.”
“Denuncia a escola, eu também estou com problema com uma portuguesa que vive reclamando do meu filho, ele tem 2 anos e pode chegar ate as 9h30, com esses frios e ele constipado e fico ate as 19h na escola, as vezes eu chegava 9h32 ela reclamava, me dando lição de moral na frente dos outros pais, eu so nao dei uns berros pq meu bebé é indefeso, nao sei o que pode acontecer da porta pra dentro.”
“Mães, somos 12 mil! Será que não podemos juntar forças para cobrar da câmara uma postura sobre a educação violenta?”
“Vejam que já começaram as vozes dissonantes. No ponto de vista dessas pessoas, filho dos outros apanhando, sendo humilhado e servindo como depósito para as frustrações de profissionais desqualificados é alarmismo e histrionismo dos pais. Devemos nos calar porque, em pleno Século XXI, a violência escolar não deve ser combatida, pois trata-se de uma questão cultural. Caso contrário, Portugal vai virar Brasil! As que querem reagir, preparem-se porque nossos próprios conterrâneos tentarão invalidar nosso pleito por uma escola pacífica e inclusiva.”
“Creio que antes de iniciar esse movimento vices precisam entender melhor como o país funciona, como é vista está questão e o que já está sendo feito. Li um monte de relatos com cara de alarmismo e acredito que será assim pars a maioria dos portugueses. Só de ser um movimento de brasileiras a aversão já está certa. Teria que ser um .movimento que fugisse do estrionismo. Sempre é bom lembrar que a última cousa que um português quer é uma educação do molde do Brasil.”
Quantos grupos destes devem existir?
Qual a verdadeira motivação deste tipo de grupos?
Haverá aqui matéria para investigar?
Será isto uma cabala, da Escola Pública Portuguesa, contra alunos estrangeiros, nomeadamente brasileiros?
É um alerta para todos nós, profissionais da área, porque vos garanto que o ME estará sempre do lado dos pais!
É só mais uma forma de descredibilizar e maltratar a profissão docente!
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