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DAVID JUSTINO CRITICA ACHINCALHAMENTO DOS DOCENTES

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A educação para a infância (dos 6 meses aos 6 anos) como prioridade nacional para ajudar a natalidade, e a política dirigida aos professores, “que têm sido alvo de achincalhamento” a nível nacional, e a flexibilidade curricular, “um tema mais próximo da Madeira”, foram os pontos chave da mensagem que David Justino veio trazer, hoje, à Madeira.

O ex-ministro da Educação foi o orador da conferência-debate sobre “Educação – Projeto Sustentável para uma Sociedade Autónoma”, promovida pelo PSD/Madeira.

Sobre o primeiro ponto, David Justino defende que a educação de infância seja eleita como “como um desígnio nacional, face ao que está a acontecer ao nível da natalidade e das dificuldades crescentes em muitas zonas do país dos pais colocarem as crianças ou em creches ou em pré-escolar”. Segundo disse, há concelhos no continente onde a taxa de cobertura está abaixo dos 50%.

A seu ver, “esta coisa de política de natalidade não existe. O que existe são políticas de maternidade e favorecendo a política acolhedora e amiga das crianças”. Na perspetiva de David Justino, “esse é um ponto fulcral para o qual temos visto que o Governo não é suficientemente sensível”.

Relativamente aos professores, o ex-ministro de Educação entende que a valorização destes profissionais passa por um “ponto básico. Se nós queremos melhorar a educação, só temos duas maneiras de o fazer: ou ter melhores alunos, o que não depende de nós, ou termos melhores professores”. Assim, e se for concretizada uma boa política de infância, criam-se condições para que os alunos tenham maior sucesso. “Se não tivermos melhores professores, as coisas falham”. Por isso, defende um investimento na formação, qualificação “e, acima de tudo, na dignificação”.

David Justino considera que os docentes, “enquanto pilar fundamental da escola e, em especial da escola pública”, têm sido, contudo, alvo de “achincalhamento”, nomeadamente no continente.

O ex-ministro referiu que resolver a situação atual dos professores não é “uma solução barata – nem há soluções mágicas – mas tem de se adotar uma política que possa ter continuidade nos próximos anos”. O antigo responsável pela pasta de Educação alerta para o facto de, dentro de dez a 15 anos, “praticamente um terço dos professores serão reformados”, defendendo que o Governo aproveite “uma oportunidade única para rejuvenescer o quadro, mas com critérios”.

Olhando para o sistema regional de educação, David Justino entende haver especificidades “muito interessantes”. O orador abordou, na conferência, a forma como a Região pode reafirmar a sua identidade, mantendo o quadro curricular nacional. “Ou seja, eu não tenho de estar a dar muitos exemplos do que se passa no continente. O que eu tenho de fazer é dar a mesma matéria com assuntos que se passam na Madeira e que estão disponíveis. Este problema da gestão flexível do currículo é algo que pode ser melhor aproveitado, numa fase seguinte, para que a construção de uma identidade da Madeira possa ser facilitada”.

Já o presidente do PSD/Madeira, também em declarações antes do início do debate promovido pelo seu partido, destacou os “resultados muito bons” que a Região tem alcançado ao nível dos resultados dos alunos, da redução “substancial das retenções em todos os ciclos, devido às “Turmas Mais”, mas, sobretudo, no “esforço que tem sido feito e a motivação dos professores, funcionários das escolas e pais”. Albuquerque considera que o modelo seguido tem tido efeitos positivos muito importantes para a Região, o que passa também “pelo reconhecimento do papel dos professores, que são a âncora do sistema educativo”.

A esse nível, Miguel Albuquerque rematou que, “ao contrário dos partidos da geringonça que em campanha eleitoral disseram que iam repor o tempo de serviço dos professores, eu aqui nada disse, mas os professores já sabem que vamos repor integralmente o tempo de serviço”.

Fonte: jm-madeira.pt