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Das estratégias de desinformação e manipulação – Maurício Brito

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O ministro da educação disse recentemente (ver texto do artigo) que há uma “estratégia de desinformação e manipulação” por parte dos professores, nas redes sociais, no que à colocação de professores do quadro diz respeito. Sobre “desinformação e manipulação” muito haveria a dizer sobre quem tem estado à frente das políticas educativas do nosso país nos últimos 17 anos, mas vamos, por ora, ao essencial: tem ou não sido clara a informação do governo sobre as novas regras quanto à colocação dos professores? Quem tiver seguido este dossier de perto e atentamente sabe que não. Sabe que a “manipulação” das palavras sobre esta matéria, por parte da tutela, tem servido para que seja possível considerar que, de uma forma resumida, esteja em curso o fim da carreira docente tal como a conhecemos, o que, diga-se de passagem, é um objetivo comum de sucessivos governos, desde os tempos de José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues até hoje. A proletarização da classe docente está em curso há quase duas décadas, com a “desinformação” a ser o triste prato do dia de quem gere os desígnios da educação no nosso país (e de muita comunicação social afecta aos poderes de quem manda).
Dito isto: estas tentativas de explicações, apoiadas (curiosamente) nas redes sociais por figuras sempre muito prestáveis afectas ao PS, são apenas o reflexo do receio da greve por tempo indeterminado que o S.T.O.P. marcou, e uma espécie de contra-ataque antecipado, por um lado, para desmobilizar uma classe docente cansada, e, por outro, para preparar os pais/sociedade civil para o que aí se avizinha, caso a greve atinja grandes proporções.
Da minha parte, colegas, e como tenho dito desde há muito tempo, podem contar comigo para tentar fazer algo diferente. Algo com verdadeiro impacto. E algo que, por mim, só acabaria na seguintes condições (assinadas):
– Não à colocação de professores nos moldes estipulados pelo governo, ou seja, que não tenham em conta a graduação;
– Fim das quotas para o acesso ao 5° e 7° escalão;
– Reposição dos 2/3 do tempo de serviço congelado não contabilizados, encontrando-se a fórmula necessária/possível para o efeito.
Mais questões são fundamentais rever, mas estas três são, na minha opinião, fundamentais para a demonstração de uma inversão das contínuas políticas de menosprezo e desrespeito pela nossa classe.
Repito: por mim, a greve apenas teria fim se um acordo fosse assinado com estas condições satisfeitas. E, já agora, se preciso for ir a Lisboa novamente para demonstrar que desta vez é mesmo para nos levarmos a sério, contem comigo. Porque uma coisa é certa: ou tomamos uma opção de força e vamos até ao fim, ou o melhor é sentarmo-nos no sofá e assistirmos ao fim da nossa carreira.
Por isso, escolham lá o fim que pretendem ver.