Está encontrado, há muito, o adversário, o vírus!
Um adversário que nos está a obrigar a repensar a forma de estar perante a vida, um adversário que nos mete medo, que nos põe em sentido!
Estamos todos, aqueles que podem, em casa, resguardados a acatar as instruções de quem sabe e pede afincadamente para que fiquemos em casa, que nos protejamos e aos outros.
Mas perante esta recolha obrigatória, guerra, começam a surgir, diariamente várias batalhas.
Desde logo, acordar e fazer o quê? Acordar sem pressa, sem correria, sem acordar os filhos, vesti-los, preparar as malas, os lanches a arrancar, sair de casa e enfrentar o trânsito, enfrentar a multidão.
Acabou, isso acabou! Começa aqui a primeira batalha.
Como estar preparado mentalmente para esta nova forma de estar, não pensada, não preparada, simplesmente imposta?
Passado este primeiro choque ao acordar, passemos então à segunda batalha!
Teletrabalho e filhos em casa! Os pais em teletrabalho não deixam, pura e simplesmente, de ter filhos, eles, lá estão em casa, com tarefas escolares para desenvolver com auxílio dos pais. Como fazer? Fazemos o nosso trabalho e ignoramos os filhos ou olhamos por estes e descuramos o teletrabalho?
Alguém parou para pensar sobre isto? As empresas que enviam os profissionais para teletrabalho estão a ter esta noção?
Um trabalhador em teletrabalho tem de “render”, considerando a circunstância totalmente nova e anómala, o mesmo que renderia em situação normal?
Será que devemos continuar a ser máquinas de trabalho, independentemente das circunstâncias?
Diz o nosso Primeiro Ministro que o país não pode parar, concordo, concordo em absoluto mas digo eu que o país deve-se adaptar a esta nova realidade, ajustando procedimentos, conscientes que nada daqui para a frente será como antes! NADA!
Para essa mudança devem ser chamados a colaborar os media, nomeadamente as televisões. Estas, em vez de manterem o mesmo formato sensacionalista, deviam fazer o seu papel e tentarem ao máximo ocupar os espírito inquieto de cada um de nós, “oferecendo” programas de diversão de animação de entretenimento em complemento a outros que estimulem os nosso intelectos.
Esse sim seria um bom serviço público e ajudaria na prevenção do stress e a tentação de violar as normas de contenção.
Um dos grande problemas de Itália é que as pessoas estão com dificuldades em acatar as ordens de recolha obrigatória…saem à rua, saem por se sentirem sós, saem por desespero das prisões das suas casas.
Ainda agora começámos, por isso é importante pensarmos nestas questões mais do que naquelas que implicam uma sobrecarga ainda maior de stress, teletrabalho, filhos, produção rentável, no meu caso específico, avaliações, planificação de aulas virtuais e etc.
Felizmente temos assistido a algumas iniciativas de grupos de teatro, de artistas musicais que nos ajudam a “passar o tempo” e a, sem esquecer o problema, relativizar a pandemia mantendo-nos bem ocupados.
Pensemos há quantos anos não estavam tantas famílias, juntas, em casa aos serões?
Porque não aproveitar esses momentos e presenteá-las com programas apropriados?
Aproveitemos, se é que podemos usar esta palavra, este mal para lhe retirar ensinamentos…vamos acalmar, vamos parar para pensar!
Desengane-se quem pensa que retomaremos a normalidade nas mesmas circunstâncias!
Devemos prevenir que a sociedade adoeça, não do vírus mas com a situação em si!
Como dizem na minha terra : “Andrà Tutto Bene”
Alberto Veronesi
Caro Alberto,
o COVID-19 está a levar-nos ao “pensamento único”.
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