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Covid-19 e a Questão Escolar – Rafaela Pereira

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Deverão os jovens ser prejudicados por uma situação que os ultrapassa?

Muitos jovens esforçam-se todos os dias para acompanhar os trabalhos e matérias apresentados pelos seus professores, com o objectivo de poder alcançar sucesso, de corresponder a expectativas e poder finalmente dizer: “passei o ano!”.

Muitos destes jovens, dependiam dos profissionais de educação, que durante horas a fio lhes debitavam, e transmitiam conteúdos escolares, para posteriores avaliações.

E agora?

Há que lembrar, que a grande maioria dos jovens, estudantes do nosso país, passavam grande parte do seu tempo diário, nas escolas e salas de aula. De repente, sem culpa, e controlo da situação, ficam sem os seus explicadores privilegiados e passam a ficar dependentes de computadores e internet, que nem sempre possuem, para aprender e ser avaliados.

Muitos estão em casa, com tempo, desejosos e ansiosos por realizar os benditos trabalhos enviados via e-mail pelos seus professores. E-mails, que lhes propõem inscrições em salas de aula virtual, onde são colocadas fichas e trabalhos para realizarem em casa. Mas, e os que não têm computador, que não têm internet ou mesmo uma simples impressora?

Sejamos realistas, ainda há muita gente, sem este tipo de recursos!

E mais, quem lhes vais ensinar a matéria?

Se estamos a considerar os jovens assim tão autónomos nas suas aprendizagens porque lhes retemos tanto tempo nas escolas?

Assusta-me pensar nos professores, que nesta fase, procuram, a todo o custo, recolher o máximo de avaliações possíveis para dar uma nota final de período. Professores, que já ponderam reunir e decidir quem transita e reprova o ano letivo, em causa.

Para um bom aluno, ou um aluno que nem os pés põe na escola, não deve ser difícil decidir, mas e aqueles que estão na corda bamba? Que o primeiro período até nem correu bem e estavam empenhados em melhorar?

Será que não podemos aproveitar para sermos mais criativos naquilo que podemos pedir aos nossos jovens que estão em casa? Porque não, sugerir aos miúdos e jovens estudantes, nesta fase: a leitura de um livro; a realização de exercício físico; jardinagem; agricultura; culinária; fotografia, desenho; costura, etc. Coisas que todos os pais e outros familiares, em casa, possam transmitir e ensinar aos seus filhos ou parentes. Cada um, transmitiria o que sabe, e os jovens no seu regresso à escola poderiam contar e partilhar as suas experiências, através de apresentações, diálogos, desenhos, maquetes, fotografias, etc.

Assim, diminuíramos o stress e ansiedade de todos.

Lembrem-se, os miúdos estão em casa, mas muitos pais estão a combater numa luta que é de todos nós.

Ninguém tem culpa do que se está a passar. Vamos tentar ser justos uns com os outros.

Mesmo a sugestão que vi nas noticias de pedir apoios a empresas, e outros, para os materiais escolares chegarem aos jovens, fará sentido?

Estamos todos numa quarentena imposta, mas necessária, que com o tempo, nos leva, a calma, a serenidade e nos cansa.

Porque não proporcionar a todos os jovens deste país a possibilidade de sucesso, de aprendizagem com os seus. Cada um ensina e transmite o que sabe.

Pensem, são heranças que se passam e sonhos que se criam.

Todos os alunos merecem uma oportunidade, mesmo aqueles que parecem não querer saber da escola, que tiram o juízo a toda a comunidade educativa e que fazem muitas asneiras.

Vamos mostrar, que também , estes jovens podem e merecem ter sucesso. Até porque, é isso que todos procuramos e precisamos – Uma simples oportunidade!

Como tudo na vida, as coisas dependem da forma como as apresentamos. Não estou a dizer para os nosso jovens não fazerem nada, estou só a sugerir a todos os professores e directores que sejam criativos.

Não estou a falar de facilitismos. Se assim pensarem, esqueçam, este texto não é para vocês.

Rafaela Pereira

Fonte: Dnotícias