O fim de algumas medidas impostas pelo Estado em resposta a esta pandemia não corresponde ao fim do “estado de emergência parental”. Até porque muitos permanecem nessa condição. Agora, cada vez + cansados. E com a preocupação acrescida de, se for o caso, gerirem o desconfinamento social dos seus filhos quando começam a regressar às creches e escola, sem que tenham, ainda, dados irrefutáveis do que isso trará. Acresce que talvez o tempo para si próprios talvez não seja a sua questão + premente.
Na verdade, as preocupações com os seus filhos, os seus pais e com o seu trabalho terão feito (e continuarão a fazer) com que os pais não tenham, sequer, oportunidades para pensar em si mesmos. Nos seus conflitos e nas suas relações pessoais. O que, com prudência, talvez nos leve a considerar que, quando se der um verdadeiro “desconfinamento parental” (porventura, nas férias grandes), o “estado de emergência parental” em que têm vivido -que os “obriga” a funcionar, quase sempre em “modo alerta”- dará, muito provavelmente, lugar a + estados de exaustão, a atmosferas com uma “aragem depressiva” e à emergência de + conflitos familiares. Que, a suceder, farão das próximas férias de verão (também sujeitas a algum confinamento) um espaço menos relaxado e “nutritivo” do que poderiam ser.
Por + que os recursos de saúde mental dos pais e famílias tenham dado provas inequívocas nesta quarentena, não se confunda resiliência com “estado de emergência parental”. Os pais são saudáveis, resistiram à quarentena de uma forma surpreendente mas, a prazo, precisarão de “descomprimir”.
TODOS vão precisar de passar por períodos em que se sentirão + irascíveis e impulsivos. Os pais irão perder o seu equilíbrio + vezes. As relações de casal irão “constipar-se” com outra frequência. Mas, ao pé dos sobressaltos de uma espécie de “vulto de morte”, serão essas reacções pós-confinamento que nos dão “imunidade de grupo” para, depois, olharmos para outros desafios, + fortes do que éramos, antes da quarentena.
Fonte: Instagram Eduardo Sá