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Como estão os países a reabrir creches e escolas

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DINAMARCA

Um regresso a começar pelos mais novos

As escolas fecharam no mesmo dia que em Portugal – a 16 de março – mas creches e escolas primárias já tiveram autorização para voltar a funcionar, fazendo da Dinamarca o primeiro país europeu em lockdown a reabrir parte do seu sistema educativo. Os mais velhos, a partir dos 12 anos, só depois de 10 de maio.

Sarah Sorensen, mãe de uma rapariga de 2 anos e de um rapaz de 4, conta ao Expresso os cuidados que amas e jardins de infância passaram a ter por determinação do Governo e das autoridades de saúde. No caso da mais nova, que fica com uma ama com mais quatro crianças, a ordem é para lavar e desinfetar as mãos várias vezes ao dia e o tempo é todo passado no jardim. Às refeições sentam-se a dois metros de distâncias uma das outras, relata Sarah Sorensen.

Em relação ao mais velho, as crianças têm de ter os mesmos cuidados com a higiene das mãos e foram divididas em grupos de cinco e é com esses que brincam e fazem as atividades. O limite de permanência no jardim de infância é de seis horas diárias e os horários para deixar e recolher têm de ser estritamente cumpridos. Nas escola primária, as turmas também foram partidas ao meio e divididas por turnos da manhã e da tarde.

“Sei que muitos pais se opõe a esta reabertura das atividades e não concordam com a ida dos mais novos para as creches e escolas, pois acham que estão a servir de cobaias para a doença. Eu não vejo assim. Temos todos os profissionais de saúde a trabalhar na linha da frente desde o início, as forças de segurança, empregados de lojas. Além disso, a OMS diz que as crianças combatem melhor a doença. Por isso concordo que se comece pelas escolas dos mais novos. Até porque tem sido muito difícil conciliar a atenção aos miúdos com o trabalho”, defende esta mãe, residente em Copenhaga.

NORUEGA

Meio milhão de crianças já voltaram às escolas

Os infantários e jardins de infância abriram no passado dia 20 de abril e as primárias no início desta semana, o que implicou o regresso de cerca de 500 mil crianças às escolas neste período. Ainda não há data para os restantes anos do ensino básico e secundário, mas a ideia é retomar ainda antes das férias do Verão, conta Hugo Miguel de Castro-Syrstad, português residente em Bergen. As escolas de ensino profissional e também as faculdades abrem agora, mas limitadas a pequenos grupos de estudantes e para algumas atividades.

“As duas principais razões apresentadas pelo Governo para abrir infantários e escolas primárias é porque assumem que as crianças não correm grande risco com este vírus e porque é difícil para os país trabalharem e ensinarem os filhos destas idades em casa”, explica.

De resto, as regras repetem-se: as crianças devem lavar as mãos antes de sair de casa, quando chegam ao infantário, após tossir ou respirar, antes e depois de comer, após brincar na rua. A lista é extensa e a tarefa deve ser desempenhada sempre na presença de um adulto.

Nas creches (crianças abaixo dos 3 anos), os grupos são compostos por 3 crianças e 1 adulto. No pré-escolar, aumenta para seis crianças e um adulto. Depois há limites à interação (brincar, estar junto na sala, comer) entre os grupos.

E também para os adultos (educadores e funcionários) há regras a cumprir. Tentar evitar deslocações em transportes públicos se possível, evitar usar joias e acessórios no trabalho, fazer menos pausas juntos e manter uma distância de um metro são algumas das orientações descritas por este pai, que refere ainda a divisão existente na sociedade.

“Existem vários grupos no Facebook, com milhares de pais que não concordam com a reabertura das escolas. Mas para que os seus filhos não vão à escola, têm de ter um plano de ensino privado ou em casa ou então um atestado médico que o justifique. Alguns optaram pelo ensino doméstico, mas isso não só é difícil como pode implicar que a criança não volte a ser integrada na sua turma, algo que valorizam muito aqui. E a maioria acabou por regressar à escola esta semana”, conta Hugo Castro-Syrstad.

REPÚBLICA CHECA

Fechar cedo, abrir aos poucos

A 10 de março, quando o país tinha apenas um total 63 pessoas infetadas, o Governo decidiu encerrar todos os estabelecimentos de ensino, deixando 1,7 milhões de estudantes em casa. Apenas as creches tiveram autorização para continuar abertas, mas muitas fecharam portas. Podem todas reabrir – a decisão cabe a cada uma -, desde que cumpram as regras de higiene estabelecidas.

Como em todos os outros países, fechar foi uma decisão menos polémica do que voltar a abrir. O plano foi anunciado a 14 de abril e prevê a retomas de algumas atividades presenciais começando pelos alunos do últiom ano do ensino superior (desde 20 de abril) e do secundário (a partir de 11 de maio).

Já as escolas primárias, entre os 6 e os 10 anos, serão as últimas a reabrir, previsivelmente só a 25 de maio, com um máximo de 15 alunos por turma. As crianças não terão de usar máscara nas aulas se estiver apena-a uma por carteira. A ida às escolas é facultativa e depende da decisão dos pais. Será privilegiado o tempo de recreio, mais do que as aulas.

Em junho retomam os restantes estudantes, de escolas profissionais e dos anos não terminais

SUÉCIA, ISLÂNDIA E FINLÂNDIA

As escolas que nunca encerraram

O país destacou-se por seguir uma estratégia diferente da maioria dos Estados europeus, com medidas de confinamento menos restritivas e tentando assim criar uma imunidade de grupo de forma mais rápida. E foi por isso que, ao contrário do que aconteceu um pouco por toda a Europa, deixou grande parte do sistema educativo a funcionar, desde as creches até às escolas do ensino básico, fechando apenas o secundário e o ensino superior. O mesmo aconteceu na Islândia.

Já na vizinha Finlândia, apenas tiveram autorização para ficar abertas creches e os três primeiros anos do ensino básico. E também as aulas para os alunos do 4º ao 9º ano que tinham apoio reforçado na escola. Ainda assim, explica Katriina Pires, da embaixada finlandesa em Portugal, a maioria dos pais optou por deixar de levar os filhos às escolas durante este período.

As autoridades nacionais emitiram algumas recomendações para o ensino presencial, como o número máximo de alunos por turma e de utilização do transporte escolar (máximo de 10 crianças).

Na Finlândia, o ano letivo acaba entre finais de maio e o início de junho pelo que as autoridades admitem que as aulas presenciais já não sejam retomadas. As autoridades regionais, que têm autonomia em matéria de gestão das escolas, podem decidir que o próximo ano letivo comece mais cedo.

 

Fonte: Expresso