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Chegaram a medo, saem confiantes em voltar. O regresso às escolas

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Os polegares vagueiam em círculos pela palma da mão contrária. “Traz as máscaras”. O relógio bate as 9:20, cada vez mais perto do toque de entrada para o início das aulas. “O senhor António fica deste lado a medir a temperatura”. Os dedos cruzam-se, para cima e para baixo e os pulsos são massajados. Um a um, os assistentes operacionais esfregam vigorosamente as mãos. Um gesto tanto motivado pela cautela como pela ansiedade de ver os seus alunos a entrar pelo portão dentro novamente.

Já lá vão mais de dois meses desde que a Escola Secundária da Amadora fechou as portas das salas de aula (ainda antes de ser declarada a suspensão das atividades letivas presenciais em todo o país), consequência da infeção de uma professora e sete alunos no agrupamento. Por força do histórico, esta noite, o sono demorou a pegar. “Ai, estava tão preocupada, tão ansiosa, o meu coração ia explodir”, desabafa Graça, uma das funcionárias que se apresentou esta segunda-feira ao serviço. É mais um dia para desconfinar – nas escolas secundárias, nas creches, no comércio e nos restaurantes – e aqui vive-se ao vivo e a cores a nova normalidade dos dias.

António Neves, 53 anos, por outro lado, mostra-se mais conformado com os novos tempos. À semelhança do que já acontecia, marca lugar na entrada da escola. Antes, para controlar quem entrava, se com ou sem cartão. Agora, para medir temperaturas. É rosto familiar por esta escola, onde trabalha há quase duas décadas, e admite a satisfação de ver novamente a casa cheia. “Sem o barulho deles, isto aqui torna-se morto, faz-nos pensar no que não devemos e o tempo não passa. Precisamos deles.”

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Fonte:DN