À semelhança do que se passa nas nossas escolas, também os professores espanhóis – cerca de 96% – se queixam das condições em que são obrigados a trabalhar, coagidos que estão a dar prioridade à abominável papelada que os submerge subtraindo-lhes tempo para uma relação profícua com os alunos. Segundo os docentes espanhóis – tal como nas escolas do nosso país – as tarefas burocráticas vêm aumentando, complexificando e perturbando sobremaneira o ensino/aprendizagem. Ainda por cima, os professores têm de se desembaraçar nos conhecimentos das novas tecnologias. O novo paradigma mais abrangente da dita escola inclusiva (é bonito o nome, soa bem, soa a solidariedade enternecida) – antes denominada, sem ambages, a escola também franqueada aos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) – presenteou os professores com mais burocracia em duplicado e triplicado! É a realidade que não se pode escamotear.
Esta carga acrescida de preenchimento de fichas e mais fichinhas extenua e esfalfa os professores – máxime aqueles que já atingiram os 60 e tal anos de idade – desviando-os do seu verdadeiro ofício que não é outro senão o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem nas salas de aula, onde, em muitas delas, campeia a agressividade e a indisciplina. Se, em concreto, a escola inclusiva pretende dar resposta aos anseios e expectativas de todos os alunos não pode submeter os docentes – para lá de todo o” folclore” inerente à dita escola inclusiva – a sobrecargas brutais de trabalho que provocam desgaste, stress e desembocam no síndrome de burnout.