Cara Professora,
Agora que está prestes a terminar este tão inesperado ano letivo, não posso deixar de vos agradecer profundamente pela atitude compreensiva e amável que sempre tiveram com os vossos alunos, pela simpatia diária, pela superação de todos os desafios que esta quarentena vos apresentou, pelo empenho e dedicação de todos.
Falando em particular do meu filho, apesar das saudades que teve da rotina de escola, da partilha diária com colegas e professores, conseguiu também adaptar-se e ser feliz nesta realidade, muito graças a todos Vós, que diariamente apoiaram e apresentaram tarefas, que ensinaram novas matérias e compreenderam as dificuldades.
Todos precisamos que tudo volte ao “normal” e que os próximos anos letivos nos tragam o contacto diário e presencial entre alunos e professores, pois são pilares fundamentais na formação destes futuros adultos. Vamos fazer figas para que assim seja!”
E com toda a justiça!
Apesar de destinadas a um coletivo específico, as palavras, e a atitude, assumem uma dimensão mais lata, estendida pluralmente aos professores do nosso país, empreendedores natos, que conseguiram não só manter a funcionar, mas também elevar, dentro dos muitos constrangimentos identificados, a Escola Pública e a qualidade a que já nos habituou. A classe docente é merecedora dos maiores encómios e de tratamento de distinção, muitas vezes esquecidos por quem nos tutela.
De igual modo, os pais são credores de elogios rasgados, tendo-se colocado ao lado dos mestres, os professores, apoiando os seus filhos, dentro das suas possibilidades, percebendo a nobre (e árdua) tarefa que é ensinar…e aprender. Muitos, em regime de teletrabalho, tentaram, de forma esforçada, desempenhar algumas das funções docentes, o que, sem formação ou retaguarda, os conduziu à exaustão.
E os alunos? Estão as nossas crianças e jovens preparados para enfrentar o próximo ano letivo?
Na minha opinião, eles foram os nossos heróis, sobretudo os mais novos, menos autónomos, a cumprir confinamento nos seus lares, tentaram corresponder o melhor que conseguiram e souberam ao desafio lançado pelo COVID-19, bem como às tarefas pedagógicas propostas pelos seus estimados professores. E mais ainda o foram todos os que, pelas incapacidades de funcionamento que evidenciam e pelas limitações que o contexto lhes impõe, e impôs de forma ainda mais marcada neste período de contingência, estiveram privados do acompanhamento e dos apoios essenciais a uma existência o mais normalizada possível.
Sabemos que os reflexos das restrições vivenciados nos últimos meses terão repercussões no próximo ano letivo, no dealbar de setembro, e as escolas estão – enquanto aguardam o diploma legal Organização do Ano Letivo – a preparar o plano de regresso ao ensino presencial, que incidirá sobremaneira nas tarefas de recuperação e consolidação das aprendizagens, que, para serem devidamente concretizadas, convocam os apoios e recursos que devem ser objeto de cuidada atenção da tutela.
Tenhamos confiança na capacidade das escolas, mormente nos nossos professores – muito competentes e habilitados – colocados, nos últimos meses, à prova num exame sem preparação prévia, tendo-o superado com nota máxima.
Fonte: TSF