ATÉ QUANDO, PROFESSORES?
O Ministério da Educação decide tudo à nossa revelia, apesar de nós e contra nós. São os currículos, os programas, os conteúdos, os valores transmitidos aos alunos, as aprendizagens, os ritmos de lecionação, as dinâmicas na sala de aula, a exigência ou a falta dela, a realidade ou a ficção, quem pode e quem não pode ser professor, etc. Para o poder político, os professores são meros verbos de encher, aplicadores anódinos das suas soberanas orientações e fiéis apóstolos dos seus superiores interesses.
Porém, nós não somos — nem podemos permitir que nos reduzam a tal — meros serviçais a quem se diz, “Traga isto!”, “Vá buscar aquilo!”, “Leve estas caixas para o armazém!”. Nós somos professores, educadores, profissionais qualificados para ensinar e educar crianças e jovens. Temos, pois, DIREITO À OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA. Mais: temos o dever de a usar criteriosa e intransigentemente, em prol daqueles que são, de facto, os nossos bens maiores: os alunos. Temos contratos administrativos com o Estado, mas temos também um compromisso moral e ético com aqueles que nos confiam uma boa parte do seu futuro. Se não tivermos já força nem crença para lutar por nós, temos ainda o dever de lutar por eles. Se entendemos que a Escola Pública, com as (des)orientações que a têm marcado, não defende os superiores interesses dos alunos, então também não defende os superiores interesses de Portugal. Temos, pois, o dever — O DEVER — de a combater. Se não nos identificamos com esta escola nem com o produto diário do nosso trabalho; se trabalhamos contrariados, a fazer, muitas vezes, o contrário do que a nossa consciência profissional nos dita; se não nos sentimos realizados com o trabalho que estamos a fazer e já não somos felizes no nosso quotidiano escolar (bem pelo contrário), então temos o dever de lutar, porque os alunos só estão bem quando os professores estão bem, só há bom ensino (e boas aprendizagens) quando os professores são respeitados, quando têm a legitimidade, a autoridade e a autonomia que a profissão exige e estão de corpo e alma na sua nobre missão.
“Os professores sabem, têm a obrigação de saber, que todo o poder só se constrói sobre o consentimento dos que obedecem.” Santana Castilho
ATÉ QUANDO, PROFESSORES?