A imagem traz más memórias e causa alguma aflição. Uma fila de pessoas, mães sobretudo, com um saco debaixo do braço à espera que chegue uma refeição quente para levarem aos filhos que estão em casa. Carina Rodrigues aguardava nessa fila. Tem três filhos, de 7, 13 e 14 anos. Quando as escolas encerraram, a assistente social da escola ligou-lhe a perguntar se necessitaria daquele apoio. É uma refeição, sopa, pão, fruta. “Com eles em casa agora dá muito jeito. Tem sido muito difícil”, diz a mulher de 38 anos, moradora no Bairro da Boavista, em Benfica. O marido é carpinteiro no Hospital dos Capuchos e está também em casa em quarentena. “A gente come qualquer coisa. Desde que haja para eles, a gente arranja sempre alguma coisa para nós, nem que seja um cafezinho ou um pãozinho. Às vezes é assim. O que interessa são eles.”
Tem sido assim, um pouco por todo o país, com mais de 700 escolas abertas desde o dia 16 de Março para continuarem a servir refeições diárias aos alunos carenciados. No final da primeira semana de férias da Páscoa, foram servidas, em média, dez mil refeições por dia, informou o Ministério da Educação no final da semana passada — o dobro das servidas a 20 de Março.
O apoio alimentar prestado pelas escolas durante este período foi articulado com as autarquias e, por isso, assume modelos diferentes consoante as necessidades específicas daqueles a que se destina. Em alguns casos, as cozinhas das escolas servem não só para confeccionar a comida dos mais pequenos, mas também a que é entregue aos mais carenciados, que perderam as suas redes de apoio.
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Fonte: Público