Na passada semana, veio a público a notícia de um diretor que havia pedido a reforma por estar magoado com o ME. Director de escola de referência pede reforma “magoado” com o ministério.
Na mesma semana, Marques Mendes, no seu comentário semanal, vinha defender a postura do então diretor Manuel Esperança, independentemente de ser contra a própria lei da greve. LMM: Diretor Que Não Cumpriu A Lei Da Greve Devia Ter Tido Um Agradecimento Do ME E Não Um Processo Disciplinar
Os comentários nas redes sociais multiplicaram-se, a grande maioria contra a posição do Esperança.
Este sábado foi a vez de Pedro Adão e Silva colocar-se do lado do diretor. O admirável professor Esperança – Pedro Adão e Silva
Eu, que já trabalhei no agrupamento onde o Manuel Esperança era diretor, digo que sim, a forma como sempre se empenhou em prol do agrupamento deve ser reconhecido. Outra coisa é elogiar por ter tentado, ilegalmente, diminuir os efeitos da greve! Não consigo! A lei é para se cumprir!
No entanto, chegou-me ao e-mail do blogue um testemunho de uma professora que trabalha no agrupamento e que viveu a situação toda, e, afinal, nem tudo o que parece é!
Leia a explicação de Sofia Lopes
Ao ler o artigo de opinião de Pedro Adão e Silva, no jornal Expresso de hoje, vieram-me à cabeça os inúmeros comentários que tenho lido nas redes sociais desde que o Prof. Manuel Esperança, diretor de um agrupamento de escolas em Lisboa, decidiu explicar ao jornal Público os motivos da sua demissão e consequente pedido de aposentação. Ao contrário da ideia que foi transmitida em inúmeras publicações, este Diretor não convocou todos os docentes do agrupamento, este Diretor pediu esclarecimentos à tutela sobre o que considerava ser os serviços mínimos a aplicar, pois era uma situação inusitada, e não obteve resposta, este Diretor, no dia do exame, dirigiu-se aos docentes e disse-lhes que poderiam ir embora se estivessem em greve, este Diretor foi sujeito a um processo disciplinar do qual não teve conhecimento a não ser quando soube do seu “castigo” quase dois anos depois, sem direito a ser ouvido ou apresentar defesa, este Diretor apresentou recurso e viu-lhe ser reduzido a “pena” para uma repreensão escrita, este Diretor fartou-se de tanta prepotência por parte do ME e bateu com a porta… E fez muito bem!!
Confesso que fiquei estupefacta e desiludida com o que li daqueles que porventura serão colegas de profissão. Como é possível “lincharem em praça pública” um professor que nem conhecem, sem saberem o trabalho que realizou até hoje, apenas porque não concordam com a posição que tomou?? (Acredito que muitos limitaram-se a ler os título e cabeçalhos das publicações de diversos blogues e daí tiraram as suas ilações…). Li comentários que roçavam a boçalidade e a falta das mais elementares regras de boa educação… e senti-me triste, muito triste…
São estes alguns (muitos!) dos meus colegas professores que andam pelas Escolas, a transmitir conhecimentos e valores aos alunos? Custa-me a crer. Gostava de os ver criticar e agir com a mesma celeridade e veemência quem nos tem prejudicado, na nossa carreira, nas nossas vidas, na nossa dignidade, quando somos enxovalhados, ofendidos, agredidos!!! Mas não, muitos ficam-se pelas redes sociais a debitar opiniões e críticas, só que na altura em que podem e devem tomar posição vão trabalhar e deixam as greves para os outros, nos dias das manifestações ficam em casa, porque mais um ou menos um não vai fazer diferença, ou no dia das eleições lá vão depositar o seu voto nos mesmos de sempre, que a seguir sempre têm motivo para continuar a falar mal… Que desilusão…
Sofia Lopes