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A vaia que simboliza o corte no curso da História politica e biográfica deste Ministro.

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A vaia que simboliza o corte no curso da História politica e biográfica deste Ministro.

 

O Ministro tem formação base de Línguas e evidencia no discurso muitas fragilidades na formação histórica e sociológica. Terá muita dificuldade em perceber, pessoal e culturalmente, o que se está passar estes dias e vai ter, para futuro, em crescendo, as reações crispadas que se viram hoje na entrevista que passou num canal de TV. O erro típico de alguém que julga que a maioria absoluta também “é sua”.

 

Estes dias, tenho recordado como muito úteis as aulas de História Moderna do Professor Francisco Ribeiro da Silva (na FLUP, irmã nortenha da alma mater do ministro) e as suas referências aos processos de manifestação do descontentamento popular no Antigo Regime absolutista.

 

A desordem no espaço público era, nesses tempos de ordem social e política rígida, muito temida e punida. Por isso, criavam-se rituais de queixa para não se chegar a essa fase.

 

Mas, até os monarcas absolutos temiam e preveniam “com medidas e graças” as revoltas geradas pela acumulação insuportável de descontentamento não ritualizável.

 

E é isso que tenho visto estes dias. Acumulação de fúria e descontentamento de que se veem os primeiros jatos.

 

Pessoalmente, o ministro deve estar muito zangado e desiludido (o acordo que estava a cozinhar com alguns sindicatos estava talhado no céu “e vêm estes gajos do STOP estragar tudo”…..).

 

Mas não são os “gajos do STOP”….

 

É essa a grelha de análise errada com que tem governado. Os sindicatos tradicionais, que “enquadravam e ritualizavam protestos com cabeça”, afastaram-se da ação, mas foram também afastados pela própria vontade em massa dos professores.

 

Sexta e segunda foram centenas de escolas a fechar, ou abrir mais tarde, com centenas de fotos de concentrações à porta a serem divulgadas. Hoje concentrações em dezenas de sítios ao fim da tarde.

 

O ministro concebia-se como “o amigo das escolas” e achava que as encenações de proximidade (com direito a mindfulness e outras palermices mais ou menos folclóricas) em que participou nos últimos anos, lhe garantiam um capital de simpatia que efetivamente não tem.

 

E sente que os professores são ingratos ao seu “amor” e queixa-se na entrevista como um amor abandonado: “mentirosos”, “deixam-se manipular”, etc.

 

Está a ver tudo mal e a enterrar-se mais. Julga que os sindicatos amigos ou pelo menos tolerantes ao momento que se vive têm uma força que “o terreno” mostra já ser muito menos do que eu próprio julgaria há uma semana atrás.

 

Pelo meio, chama-nos “burros iletrados” porque lemos as já famosas FAQ (recurso de escrita copiado dos catecismos do século XVIII e XIX) como “anúncio de grave perigo” e não como o “consolo” que nos quer vender.

 

O PS não tem hoje políticos com o perfil de Mário Soares, Jorge Sampaio ou Guterres para gerir e olhar de frente o descontentamento popular.

 

Na verdade o PS não tem políticos como eles. Tem “pessoal político” e “burocratas da política”.

 

O Costa Maior (lembram-se do ralhete ao jornalista que lhe saiu detrás de um carro?) segue a cultura do animal feroz e é um colérico com uma capa de bonomia que se rasga facilmente.

 

A Costa o Menor, hoje, nem lhe ocorreu pedir para falar com representantes dos manifestantes para evitar a vaia.

 

A atitude corporal, visível na posição da cabeça ao entrar no edifício, diz tudo o que vai pela sua alma torturada.

 

E mostra que claramente não é político. Anda a passar por isso mas à primeira dificuldade séria vem ao de cima as fragilidades de personalidade e formação.

 

E só passaram 2 dias de “professores em protesto sem cadeias”.

 

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