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A Pandemia e as Dificuldades Alimentares das Crianças – Paulo Prudêncio

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Renovo o apelo feito em Março aos grandes supermercados: organizem uma ajuda alimentar às famílias das crianças subsidiadas do universo escolar.

Já se projectam as dramáticas situações de pequenos e médios comerciantes com esta 3ª vaga, mas, e pelo contrário, os grandes supermercados estão a facturar muito acima da média desde o início da pandemia (estude-se o enriquecimento nestas áreas) e nem sequer promovem aquelas mediatizadas campanhas especiais. Por isso, as margens de lucro suportarão uma medida destas. Podem até nem oferecer alimentos; seria suficiente, e até mais digno, um conjunto de bens alimentares a preços reduzidos.

Aliás, argumenta-se que o não encerramento das escolas se deve a três factores: as aprendizagens e a sua relação com as desigualdades, a guarda das crianças dos profissionais da linha da frente e a alimentação das crianças pobres. Em relação ao sobressalto com as aprendizagens, e perante tanto aluno e tanta turma já com uma ou duas quarentenas desde Outubro, repita-se: “não está em causa optar entre ensino à distância e aulas presenciais; não é disso que se trata; em regra, não há aprendizagens plenas, longe disso, atrás de uma máscara ou de um ecrã nem com os actuais constrangimentos”. Quanto à guarda das crianças, as escolas responderam na 1ª vaga num processo que não está nas suas competências na maioria dos países europeus. Por fim, sabe-se que muitas crianças têm na escola a única possibilidade de uma refeição diária e que a escola também o assegurou na 1ª vaga. Esta constatação chocante, que inscreve a falência de toda a sociedade na eliminação do flagelo da fome, uma vez que há fins-de-semana, férias e interrupções lectivas, é também uma oportunidade para convocar um ideário de soluções alternativas.