A passagem a um funcionamento não presencial nas escolas e universidades, determinada pelo COVID-19, tem vindo a ser saudada como um salto para um futuro moderno e competitivo, do qual os estudantes souberam responder com excelência.
Foi quase uma transição instantânea. De um momento para o outro, docentes e alunos – muitos sem qualquer tipo de preparação ou formação específica – confrontaram-se com a telescola. Milhares de alunos portugueses adaptaram-se a esta modalidade de ensino, uns através do Estudo de Casa – lançado na RTP Memória -, outros online, através de videoconferências e tutoriais. Certamente, haverá críticas a apontar, melhorias a implementar e metodologias pedagógicas a inovar. Contudo, o regresso do par pedagógico, a qualidade e a rapidez com que se montou um projeto desta dimensão, no meio de uma pandemia mundial, devem ser saudados.
Durante meses, assistimos à era do teletrabalho e da telescola. A uma sobrecarga laboral e emocional, acresceu ainda a necessidade de assegurar – em regime de teletrabalho – o auxílio dos nossos filhos no ensino à distância. Não foi fácil assimilar o teletrabalho com a telescola. Confinados num mesmo local e, ás vezes, disputar os recursos, o tempo e a atenção. Efetivamente, a telescola tornou-se no recurso possível, incentivando os alunos, professores e pais a criar rotinas num período em que tudo era diferente.
Falo por experiência própria. A minha filha de 6 anos terminou o seu primeiro ano escolar. Acompanhei-a desde o primeiro minuto deste seu percurso de ensino à distância. As aulas eram online, através de videoconferências. Na “sala de aula” improvisada, a Professora “chegava” às nove da manhã, apresentando atividades de leitura, de escrita, de matemática e de estudo do meio. Às vezes, com jogos didáticos, outras com cantoria à mistura. Da parte da tarde, as aulas eram de inglês, dança, música, desenho e até ginástica. Inicialmente, a minha filha mostrava-se tímida e reticente face a este novo método. Mas, apesar da mudança, gostava da “interação” com os professores e com os colegas, frente a um computador, mostrando curiosidade e entusiasmo com esta tecnologia. Rapidamente, demonstrou interesse pela metodologia do e-learning e, sobretudo, pela internet. O acompanhamento nas aulas à distância tornou-se, inclusive, numa mais valia para mim, de forma a verificar como as matérias eram lecionadas e apurar onde ela teria mais dificuldade.
Surpreendentemente, as aulas foram interativas, inovadoras e didáticas. Apesar das complexidades e das dificuldades que por vezes surgiam, o ensino à distância superou as expectativas. Muito com a colaboração dos professores, dos pais e, obviamente, dos jovens e das crianças. Obviamente que surgiram momentos hilariantes e caricatos, típicos das crianças, que superam qualquer tempestade.
Os únicos senãos deste processo seria, por um lado, a velocidade em que as matérias eram lecionadas; por outro lado, a ausência do contacto com os colegas, o recreio, a convivência com os amigos. Não foi fácil, mas acredito que superamos o desafio!
Acredito que foram tempos agitados, momentos que irão marcar a História. Mas vejamos o bom nisto tudo: confinados em casa apenas com os nossos familiares, percebemos a importância do amor pelo outro, fortalecemos o laço afetivo e familiar. A cumplicidade, o companheirismo, a amizade que criamos com os nossos filhos durante este ano letivo, é, certamente, o maior fruto que podemos retirar desta pandemia!
Fonte: JM