São cada vez mais comuns os debates acalorados e as discussões nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp e até na esfera pública. É importante refletir sobre a maneira como as pessoas se envolvem nessas interações. Infelizmente, também é cada vez mais comum observar pessoas que, ao invés de debaterem ideias de forma construtiva, optam por atacar o interlocutor, badalar títulos e experiências pessoais e profissionais, procurando destacarem-se e sentirem-se superiores aos demais. Acreditam que ao exibir as suas conquistas e conhecimentos, se tornam automaticamente mais capazes e dignos de serem ouvidos. Mas, na realidade, essa postura apenas revela uma necessidade de validação e uma insegurança subjacente. A verdadeira medida da validade de um argumento não está na posição social ou nos títulos que alguém possui, mas sim na solidez dos argumentos apresentados. Essa estratégia de diminuir os outros para se enaltecer revela uma índole fraca e um caráter disruptivo, impedindo o avanço real das discussões e prejudicando o ambiente de diálogo saudável. Ao se depararem com um argumento que não se encaixa nas suas convicções, algumas pessoas optam por tentar desqualificar o oponente, lançando ataques pessoais em vez de refutar os seus argumentos de forma racional. Essa estratégia visa minar a credibilidade do outro, com o intuito de enfraquecer a sua posição e reforçar a própria superioridade.
Immanuel Kant, filósofo alemão, destacou a importância da razão e do respeito mútuo no processo de debate e argumentação. Para Kant, é fundamental tratar o outro como um fim em si mesmo, ou seja, respeitar sua dignidade e evitar qualquer forma de diminuição. Hannah Arendt, filósofa política, argumentava que a capacidade de discutir e debater de maneira respeitosa é essencial para uma sociedade saudável. O ataque pessoal, o uso de títulos e experiências como forma de superioridade, bem como a estratégia de diminuir os outros para se enaltecer, são reflexos de uma índole fraca e um caráter disruptivo. Essas abordagens minam a qualidade do discurso público, tornando-o polarizado e hostil, e impedem o verdadeiro avanço das ideias. É fundamental procurar um diálogo construtivo, baseado no respeito mútuo, na empatia e na valorização das ideias, independentemente da posição social ou dos títulos que alguém possui. A verdadeira validade de um argumento está na sua coerência, na sua fundamentação e na sua capacidade de resistir ao escrutínio racional. Através da reflexão e da consciencialização sobre essas questões, podemos promover um ambiente de diálogo saudável, no qual as ideias possam ser debatidas e melhoradas, sem a necessidade de diminuir o outro para se enaltecer.