O magazine dos domingos da TSF tem, esta semana, um convidado especial. David Rodrigues, membro do Conselho Nacional da Educação, presidente da Pró-Inclusão, a Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, tem muitos anos de trabalho em defesa da escola inclusiva. Ele conversa com Paulo Pedroso e Rita Figueiras sobre as ameaças que a escola inclusiva tem vindo a enfrentar e sobre uma nuvem que, por vezes, parece pairar, a nuvem de “uma escola sem Corpo”, como lhe chamou em recente artigo de opinião.
David Rodrigues admite que, em situações transitórias como esta a que, citando Javier Aragay, chama “Educação de Emergência” possa emergir uma escola sem corpo. Ainda assim será sempre, como já escreveu, “uma pobre imitação”. Há quem queira aproveitar a onda imposta ou permitida pela covid 19 e considere que “os nossos cérebros serão cada vez mais importantes enquanto os corpos se tornam inúteis”. Isso levou o editor d’ A Espantosa Realidade das Coisas a perguntar-lhe se estaremos, afinal, a caminhar para uma “Educação de cabeçudos”.
Como escreveu David Rodrigues. “o corpo é certamente o manancial mais inesgotável de entendimentos antropológicos, sociológicos, médicos, educacionais, de expressão, de rendimento”. Por isso, ao longo desta conversa, ele fala de um corpo inesgotável de possibilidades. E refere um alerta de Tolentino Mendonça: “Não é possível excluir o corpo da escola, pois é através dele que damos significação ao mundo, maturando os diversos saberes e exercitando a responsabilidade pela inteira existência”. Tirará a escola partido desse “corpo inesgotável de possibilidades”?
O convidado e os comentadores residentes do magazine dos domingos abordam ainda o mais recente relatório da Unesco, um alerta para a possibilidade de o abandono escolar vir a ser uma das consequências mais graves desta pandemia, num mundo onde há 1,5 mil milhões de estudantes mas nem todos têm acesso à educação. Na África sub-sahariana apenas 11% têm computador em casa e apenas 18% têm internet (a média mundial é de 50% para o equipamento e 57% no acesso à rede). Face a estes números somos levados ao encontro de uma ideia que David Rodrigues trabalha há anos, a de que ” a educação é uma utopia”.
Fonte: TSF