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A Avaliação de Desempenho Docente É Uma Palhaçada – Mas Há Quem Goste!

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Já são poucos os que não assumem que a ADD é uma verdadeira palhaçada em toda a sua conceção. No entanto, há colegas que se resignam à situação e dizem é a que temos…muitos desses colegas até vão conseguindo progressões.

É cada vez mais evidente que com a atual ADD é impossível distinguir os bons dos maus professores, e infelizmente a avaliação é mais uma “opinião” uma perceção que se tem do trabalho do colega, do que a realidade.

E isto para não falar da perversidade que muitas vezes acompanha a nota e o quase tabu das notas, que o interesse é não refletir entre pares para assim podermos classificar melhor os amigos! Isto poderá servir a alguns, os animadinhos, mas prejudica muitos mais!

Imaginemos o cenário daquele professor que “mata-se” a trabalhar, dedica-se, empenha-se, prepara-se, corrige, melhora, diversifica estratégias e aquele outro que apenas cumpre os mínimos olímpicos?

Os alunos do primeiro ganham, garantidamente, mais do que os do segundo, e com isto não quer dizer que as notas sejam melhores, sobre a educação bancária posso falar noutro dia, mas no fim ambos são considerados bons pelo sistema atual de avaliação.

A ajudar a esta festa de sermos todos “bom” temos as cotas…

Quando digo que prejudicam muitos mais digo que este sistema leva a que o mérito seja colocado de lado, que sejamos todos vistos como iguais, ter menos de bom dá tanto trabalho que o melhor é nem sequer equacionar, ter mais de bom é outro problema porque o colega (segundo), que até é amigo, vai-se chatear comigo!

Quantos não são avaliados  sem que nunca ninguém tenha entrado na minha sala para acompanhar, para perceber, para refletir, para aferir,  para nada, mas no final do ano há sempre uma nota para dar!

Como se isto já não fosse o suficiente para querer mudar as regras da ADD, ainda percebes que a avaliação serve também para premiar os “bufos”, os amigos, as simpatias!

E os outros? Que mudem de escola que ali já perceberam que não são desejados!

A formação própria, na área da supervisão pedagógica, deve ser a premissa número um, e obrigatória, para aqueles que avaliam.

A avaliação docente deve conter mais critérios que um simples relatório descritivo das práticas:

-Evolução dos resultados escolares dos alunos, não só ao nível das notas dos testes, mas também ao nível de competências sociais, comportamentais. (Avaliação no início e no final do ano letivo)

– Inquéritos aos restantes membros da comunidade escolar, Auxiliares operacionais, colegas, mediadores e etc.

– Pelo um acompanhamento de aula com objetivo formativo, relfetivo, feito por alguém com qualificação para o efeito (formação relevante na área de Supervisão Pedagógica) e não por antiguidade ou outra coisa qualquer.

– Relatório de autoavaliação.

Queremos todos, ou pelos menos a maioria, uma escola pública de qualidade, mas e preciso saber quem estaria disposto a mudar certas práticas que em nada ajudam a essa qualidade. Um professor dentro de um sistema cotizado e que não tenha amigos ou empatias, mesmo sendo bom profissional, vai desistir, percebendo a perversidade do sistema.

Temos de perceber que é grave usar o ensino público, com o dinheiro de todos os contribuintes, para criar um sistema contaminado, sem avaliação docente decente e que dignifique a carreira e os seus profissionais e que ao invés disso  valorize os “amigos bufos”,  premeia o facilitismo e que no fim mete tudo no mesmo saco!

Devemos exigir a recuperação do tempo de serviço, devemos exigir melhores salários, devemos exigir melhores condições mas temos também de exigir um sistema de Avaliação Docente, SEM COTAS, mas que valorize o mérito e a constante melhoria da escola, tornando-a aprendente…

A Avaliação deve servir apenas para melhorar o desempenho e não como arma de certas chefias para prejudicar alguns colegas ou beneficiar outros…

Muito irão dizer, mais vale não mexer…eu prefiro sugerir!

Alberto Veronesi

1 COMENTÁRIO

  1. Uma perguntinha. Mas querem mesmo uma ADD séria? Ou seja uma avaliação distintiva e com consequências na avaliação?
    A sério?
    Eu dou o benefício da dúvida ao autor. É um liberal… talvez. Mas os professores querem mesmo?

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