Num momento em que as organizações escolares se veem diante de desafios cada vez mais complexos, a necessidade de líderes competentes e críticos se torna ainda mais premente. É comum observarmos críticas contundentes aos diretores dos agrupamentos, com acusações de incompetência e autoritarismo. Muitas deles, obviamente, serão de facto merecidas. Sabemos de inúmeros casos de diretores altamente totalitaristas, autoritários que roçam, diariamente, o limite da maldade humana. No entanto, não podemos ignorar que, quando surge a oportunidade de se transformar a crítica em ação, poucos se dispõem a assumir a responsabilidade.
Essa inércia pode ter diversas raízes. As diferenças entre teoria e prática, o nervosismo e as hesitações inerentes a qualquer nova experiência podem ser fatores paralisantes. No entanto, é crucial superar esses medos e receios se realmente desejamos a mudança.
Para auxiliar na superação desses obstáculos, podemos recorrer a autores que estudaram a complexa relação entre pensamento e ação. Hannah Arendt, por exemplo, explora a importância da ação como forma de dar sentido ao mundo e evitar a passividade que leva à opressão. Para ela, a ação é a única maneira de transformarmos a realidade e construirmos um futuro melhor.
Também Erich Fromm analisa o medo da liberdade como um dos principais entraves à ação individual. Fromm argumenta que a liberdade, por implicar responsabilidade e a necessidade de fazer escolhas, pode gerar ansiedade e insegurança. É por isso que muitos preferem submeter-se à autoridade, abdicando da autonomia e da capacidade de transformar o mundo ao seu redor.
Nesse sentido, vencer o medo e agir com coragem é fundamental para aqueles que desejam liderar a mudança nas instituições. É preciso ter em mente que a primeira vez sempre será desafiadora, mas que a experiência e a aprendizagem virão com a prática. A coragem não significa a ausência de medo, mas sim a capacidade de agir apesar dele.
Liderar com competência e criticidade exige mais do que apenas conhecimento técnico. É necessário ter a capacidade de analisar criticamente a realidade, identificar problemas, propor soluções e mobilizar as pessoas para a ação. É fundamental também ter empatia e compreensão pelas necessidades dos outros, procurando construir um ambiente de trabalho colaborativo.
Assumir cargos de liderança num momento de crise e transformação social exige uma boa dose de coragem, compromisso e responsabilidade. É preciso estar disposto a enfrentar desafios, correr riscos e aprender com os erros. Mas, acima de tudo, é preciso ter fé na capacidade de transformar a realidade para melhor.
Ao posicionarem-se em cargos de liderança, as pessoas competentes e críticas podem fazer a diferença nas instituições, promovendo a mudança, a inovação e a construção de um futuro mais justo e sustentável para todos.