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9 medidas para mudar a forma como as crianças comem nas escolas de Lisboa

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É na infância e adolescência que mais se desenvolvem e determinam hábitos alimentares que terão impacto direto em toda a vida adulta. Sendo nas escolas que as crianças fazem diariamente as suas principais refeições, são esses também os locais propícios para o desenvolvimento de preferências alimentares e estilos de vida mais saudáveis.

Infelizmente, nos últimos anos a alimentação escolar tem sido noticiada pelas piores razões. Um pouco por todo o país, do 1º ao 12º ano, as crianças e jovens queixaram-se da qualidade e até da quantidade de comida oferecida nas escolas. Este problema é consequência de uma política de vários anos de desmantelamento dos serviços públicos de confeção local nas escolas, num claro favorecimento do modelo de catering privado. 

Quando o Bloco de Esquerda assumiu o Pelouro da Educação e dos Direitos Sociais, a situação das refeições dos JI e 1º ciclo era problemática. Em grande parte das escolas, as refeições eram pouco saborosas, servidas em cuvetes de plástico descartável e em alguns casos até em quantidade insuficiente. As crianças tinham razão quando se queixavam e por isso o Bloco decidiu agir.

Aprendendo com o erro da externalização de serviços para o catering, feito por  governos passados, optámos por uma mudança importante de paradigma. A nossa opção é pela confeção local, pela abolição do plástico descartável, pelo serviço público em detrimento do privado, pela quantidade adequada, pela colaboração com várias entidades relacionadas com a saúde pública. Queremos dar a garantia às famílias lisboetas que as refeições da escola pública são as melhores refeições que os filhos podem ter.

9 medidas para mudar a forma como as crianças comem nas escolas de Lisboa:

  1. Eliminação das modalidades de catering e aposta no sistema de confeção local. O presente ano letivo já se iniciou com melhorias imediatas no sistema de refeições, eliminando as modalidades de catering e substituindo-as pelo modelo de confeção local, em que as refeições são confeccionadas nas cozinhas das escolas, refeições elaboradas nesse mesmo dia, com produtos frescos e com mais sabor. Em resultado desta alteração, a satisfação de crianças com o sabor e a textura dos alimentos já aumentou significativamente, assim como a confiança dos pais no sistema.
  2. Eliminação do plástico descartável, poupando-se mais 50 toneladas anuais de plástico. Não sendo aceitável que as crianças fizessem as suas refeições em cuvettes de plástico, eliminou-se completamente a sua utilização, assim como os talheres de uso único. Hoje, todas as crianças das escolas de Lisboa fazem as suas refeições com pratos de loiça e talheres de metal. Isto significa uma poupança enorme na pegada ecológica das escolas de Lisboa, uma medida de eficiência económica essencial e um passo para uma escola mais sustentável.
  3. Alteração do Caderno de Encargos na contratação pública das refeições. Em vez de dar prioridade ao preço, o que acontecia antes, decidimos alterar as regras do jogo. As condições e critérios de seleção do atual Caderno de Encargos foram melhoradas, determinando que a adjudicação é feita à proposta economicamente mais vantajosa para o município, mas tendo em conta a relação qualidade-preço, onde a qualidade do serviço tem a ponderação de 60% e o preço das refeições de 40%. A qualidade do serviço tem também em conta as condições laborais e formação do pessoal de cozinha e pessoal de apoio às refeições e a origem biológica dos iogurtes naturais, bem como dos hortícolas disponíveis nas refeições. Neste CE elege-se ainda o Padrão Alimentar Mediterrânico, constituindo uma dieta nutricionalmente adequada, diversa em cores, sabores e texturas e promotora da saúde, bem como da sustentabilidade ambiental.
  4. Almoço na escola… Todos em festa.Destinada a aproximar os pais, mães e encarregados de educação do sistema de refeições, e contribuindo para aumentar a sua confiança no sistema, já é possível a todos os encarregados de educação almoçarem com os seus filhos e educandos, partilhando com eles e os seus colegas a refeição. No final de cada refeição serão recolhidos questionários de satisfação, para posterior tratamento pela Equipa Técnica Municipal da alimentação escolar.     
  5. “Fruta e água – sempre disponível”. Para melhorar a oferta e aumentar as alternativas nas escolhas das crianças enquanto estão na escola, todas as escolas passarão a ter disponível, em lugares estratégicos da escola, fruta (“Caixa de Fruta do VEGI”) e água, que poderão ser consumidos quando a criança está disponível (ou curiosa) para tal e não apenas quando está “na hora” de comer.
  6. Promoção de circuitos curtos e dinamização da economia local. Garantindo melhor qualidade, rastreabilidade, segurança e autenticidade dos produtos, e produtos mais frescos e saudáveis, mais baratos e diversificados, e provenientes de agricultura menos poluente, promovemos circuitos agro-alimentares curtos, com benefícios ao nível da qualidade das refeições e confiança no sistema de refeições escolares, mas também no plano económico, cultural e ambiental.
  7. Diminuição do desperdício alimentar. O aumento da satisfação dos alunos com os alimentos e um acompanhamento personalizado das doses servidas contribui para a diminuição do desperdício alimentar. Esta área é objecto de monitorização, sendo acompanhada de ações de sensibilização, tanto das crianças, quanto do pessoal de cozinha e pessoal de apoio no refeitório.
  8. Política de proximidade e envolvimento das Juntas de Freguesia. Considerando-se que a gestão das cozinhas/refeitórios das escolas de 1º ciclo e jardins-de-infância deve ser de proximidade e adequada à população, integrando a cultura, diversidade e história de cada área e de cada população, bem como promovendo circuitos agro-alimentares curtos, promovemos a celebração de contratos de delegação de competências com as Juntas de Freguesias.
  9. Criação de uma Equipa Técnica Municipal exclusivamente dedicada à monitorização e avaliação da implementação e da qualidade do Plano Municipal de Alimentação Escolar Saudável (PMAES). Todo este trabalho é monitorizado regularmente por uma equipa técnica municipal de especialistas, que envolve profissionais de várias áreas, nomeadamente nutricionistas e engenheiros alimentares.

Fonte: Esquerda.Net