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241 surtos ativos em escolas – Cada vez mais provável o adiamento da abertura de escolas

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Diretores das escolas não se opõem à hipótese que está a ser avaliada pelo Governo como forma de conter uma possível disseminação de casos de infeção por SARS-CoV-2 no período após as festas de Natal e Ano Novo. Neste momento há 241 surtos ativos em escolas, desde creches até ao ensino superior

Se no ano letivo passado a decisão de fechar as escolas surgiu já com o 2º período a decorrer e na sequência de um agravamento muito acentuado da situação epidemiológica no país, desta vez o Governo está a ponderar agir antes e de forma mais cautelosa.

Em discussão no Conselho de Ministros desta quinta-feira, entre as várias medidas de reforço de controlo e prevenção da epidemia, está a possibilidade de o 2º período começar uma semana mais tarde – a 10 de janeiro em vez de ser a 3 como previsto no calendário escolar -, sendo essa semana compensada no final do ano letivo.

A ser tomada, a medida poderá obrigar ainda a uma afinação no calendário dos exames nacionais do 9º, 11º e 12º, que este ano serão feitos segundo as regras de sempre. Mas se a decisão for para frente, terá o acordo dos dois presidentes de associações de diretores.

“Se o fizer, o Governo estará a usar a experiência acumulada do ano anterior. Pode ser uma atitude avisada para evitar a escalada de casos que tivemos no ano anterior e que obrigou a agir a posteriori”, considera Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).

Também Filinto Lima, responsável da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos Escolares (Andaep) diz não ser contra se tal medida “ajudar a prevenir a multiplicação de situações de contágio e favorecer a não propagação do vírus”.

“Só tenho pena que seja a escola a pagar a falta de juízo que possa haver na sociedade. Dentro das escolas cumprimos todas as regras”, assegura.

Apesar de os indicadores, sobretudo de internamentos e mortes por covid-19, nada terem a ver com a situação do ano passado neste período, o aumento de casos e da transmissibilidade, que se reflete igualmente numa subida das hospitalizações, preocupa o Governo.

Sobretudo porque vem aí o inverno, mais vírus respiratórios em circulação e as pessoas tenderão a conviver mais em espaços fechados.

Nas escolas, garantem os dois diretores, a situação também está longe da instabilidade de outros tempos, em que se sucediam as idas para casa de turmas e turmas em isolamento. “Quem está a ir para casa são sobretudo os miúdos do jardim de infância e do 1º ciclo, que não estão vacinados nem usam máscara”, garante Filinto Lima. O presidente da ANDE corrobora: “Os casos têm sido muito pontuais neste 1º período.”

A VACINAÇÃO

De acordo com os números mais recentes da Direção-Geral da Saúde, na segunda-feira havia um total de 241 surtos ativos em estabelecimentos de ensino, público e privado, e contando desde creches até às universidades. Estes surtos envolviam 2200 casos acumulados de covid-19, parte dos quais já recuperados e envolvendo alunos, professores, funcionários e coabitantes.

Ainda de acordo com os dados oficiais divulgados na última reunião do Infarmed, no final da semana passada, a faixa etária entre os 0 e os 9 anos era a que apresentava maior incidência (298 casos acumulados por 100 mil habitantes a 14 dias) contra uma média global de 203 por 100 mil habitantes. Seguia-se a dos 20-29 e dos 30-39.

No dia de hoje é esperada uma decisão da Agência Europeia do Medicamento sobre a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos. Tudo indica que o parecer será favorável e a partir desse momento caberá às autoridades nacionais decidir se avançam para a vacinação contra a Covid-19 dos mais novos e quando tal será possível.

Da parte dos diretores, nada a opor mais uma vez: “A decisão é médica e se os especialistas disserem que sim, nós também achamos que sim”, conclui Manuel Pereira.