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Síndrome rara da covid-19. Menino português com conjuntivite que acabou nos cuidados intensivos

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Continuarei a dizer sempre que apesar de rara não devemos correr o risco! E se a situação rara for a nossa filha que apanhou na creche de um colega assintomático?

Fica a notícia


Quando, no fim de abril, o Expresso noticiou que já havia uma criança internada em Portugal com os sintomas de doença inflamatória, ninguém acreditou e até a diretora-geral da Saúde desmentiu o caso na conferência diária para divulgação do boletim epidemiológico da covid-19. No dia a seguir, contudo, Graça Freitas vinha a público confirmar o internamento de um menor afetado pela síndrome rara que se assemelha á Doença de Kawasaki e que está a preocupar pediatras em vários países europeus e nos Estados Unidos. Esta sexta-feira, este caso já foi incluído no boletim do Centro Europeu de Prevenção de Doenças (ECDC), onde a instituição de vigilância de saúde pede especial atenção aos médicos e informação imediata de novos casos.

“Vários países afetados pela pandemia de doença por coronavírus (covid-19) relataram recentemente casos de crianças que foram hospitalizadas em terapia intensiva devido a uma rara síndrome inflamatória multissistémica pediátrica. Os sinais e sintomas apresentados são uma mistura dos sintomas da doença de Kawasaki e síndrome de choque tóxico e são caracterizados, entre outros, por febre, dor abdominal e comprometimento cardíaco”, explica o ECDC. O documento alerta ainda para “uma possível associação temporal” com a infeção por SARS-CoV-2 porque algumas das crianças afetadas foram testadas, com resultado positivo para covid-19.

No total, foram relatados este ano em países da União Europeia cerca de 230 casos suspeitos dessa nova síndrome inflamatória pediátrica associados à infeção pelo novo coronavírus. Duas crianças morreram, uma no Reino Unido e outra em França. “Esses casos estão a ser investigados mais detalhadamente”, mas, de acordo com o relatório da organização, “uma associação entre a infeção por SARS-CoV-2 e essa nova entidade clínica de inflamação multissistémica ainda não foi estabelecida, embora uma associação pareça plausível.”

De acordo com o boletim do ECDC, a criança portuguesa afetada tem 13 anos, esteve internada no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e a infeção pelo novo coronavírus foi detetada num teste serológico, depois de ter dado negativo num teste de diagnóstico. Apresentava febre superior a 39 graus, conjuntivite, dor de estômago e no peito, tendo acabado por desenvolver uma miocardite. Apresentou ainda lesões cutâneas e uma pneumonia severa.

O primeiro caso de uma criança com sintomas da Doença de Kawasaki e com covid-19 foi publicado nos Estados Unidos em 7 de abril e referia-se a um bebé de seis meses admitido no hospital com febre persistente e sintomas respiratórios mínimos. Desde então, vários países com surtos de SARS-CoV-2 relataram mais situações com os mesmos sintomas, “mas também com diferenças significativas”, sublinha o ECDC.

“Todas as crianças tinham febre prolongada, dor abdominal, além de conjuntivite, erupção cutânea, irritabilidade e, em alguns casos, choque, geralmente de origem miocárdica”, pode ler-se no relatório. No entanto, alguns sintomas respiratórios podem estar presentes e dispneia estava geralmente correlacionada com choque concomitante. Sintomas compatíveis com covid-19 foram encontrados na história clínica da criança ou de um membro da família.

O relatório chama a atenção para o facto de “até ao momento, os estudos epidemiológicos mostraram que as crianças parecem ser menos afetadas pela covid-19. Apenas 2,1% de todos os casos de infeção confirmados em laboratório relatados ao Sistema Europeu de Vigilância estavam na faixa etária entre 0 e 14 anos de idade”. E termina por sublinhar que “a comunicação de risco é necessária para consciencializar a comunidade médica e informar os pais e responsáveis ​​sobre sinais e sintomas. A importância do contacto oportuno com um profissional de saúde deve ser enfatizada. A comunicação de risco deve enfatizar que esta é uma condição rara e que a sua potencial relação com a covid-19 não está estabelecida nem é bem conhecida”.

Fonte: Expresso