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Eduquem os políticos – Filinto Lima

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Muito habilitada e experiente, porém desamparada, a classe docente defronta-se diariamente com barreiras que condicionam e limitam o exercício de uma profissão nobre, essencial para qualquer país que pretende afirmar-se evoluído e humanizado. As dificuldades que afetam a carreira avolumam-se a diferentes níveis: a crescente escassez de jovens pretendentes a professores, existindo cursos via ensino com vagas desertas; a reduzida abertura de lugares nos diversos grupos de recrutamento, que gera inevitáveis incertezas, conduzindo professores contratados, com muitos anos de experiência, a ingressarem noutra área de atividade; o desânimo geral dos professores de quadro (com vínculo há anos), face ao desgaste e aos ataques persistentes de que são alvo, encaminha-os para licenças sem vencimento, muitos deles optando por não regressar, entregando-se a diferentes desafios profissionais.

Ora, é por demais crucial atalhar estes problemas, que exigem uma maior preocupação por parte dos nossos políticos, necessariamente implicando a adoção de medidas proativas pensadas numa lógica de um futuro mais auspicioso e tranquilo no que à Educação diz respeito. Neste sentido, a efetiva articulação entre os ministérios das Finanças e da Educação será a chave-mestra que possibilitará abrir linhas de diálogo e resolução realistas, seja esta a vontade política de quem nos governa.

Questiono-me: faz sentido que os nossos líderes máximos façam a apologia da Educação, nos seus diversos discursos à nação, quando o país caminha a passos largos para a falta de professores? Estaremos a retroceder aos anos 80 quando tínhamos nas salas de aula docentes com habilitação mínima? Queremos chegar ao final dos períodos letivos com turmas com reduzido número de aulas em algumas disciplinas?

Para evitarmos chegar a um destino sem retorno, repudiado por todos, urge não só melhorar as condições de trabalho nas escolas e dos docentes, mas também reabilitar a imagem da profissão.

A implementação destas medidas contribuirá para que os professores, profissionais dedicados e resilientes, tenham o reconhecimento e a dignificação que lhes são devidos, que permitirá robustecer a determinação, o entusiasmo com que, no dia-a-dia, exercem as suas funções.

É o momento para dar a palavra a quem nos tutela, ao inquirir: o que tencionam fazer?

*Professor, diretor e presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas

Fonte: TSF