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Educação: desígnio para 2021

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No último dia do ano recordamos, fazendo uma retrospectiva, o atípico que foi. Para a grande maioria de nós foi o mais estranho por que passámos e dele nos despedimos sem grande saudade.

Sobre o ano que passou já muito foi escrito, pelo que urge apontar baterias para o futuro: planificar, preparar e corrigir aquilo que, por uma ou outra razão, ainda não foi feito. Falarei, portanto, dos meus desejos para a área da Educação.

Chegou a hora de olharmos seriamente para a Educação como um investimento. Por conseguinte, sugiro que se crie um grupo de trabalho para desenhar um Plano Estratégico Nacional Para O Sistema Educativo (PENSE). Livre da “partidarite”, livre das guerrilhas ideológicas bloqueadoras de pensamento, onde o objectivo único comum seja a melhoria do sistema educativo em todas os seus graus de ensino, cuidando de toda a comunidade. Utópico? Talvez. Mas eu acredito que possa ser possível.

Investir na Educação é provavelmente o melhor investimento que uma nação pode fazer. Que não haja dúvidas disso. E, se houver, que se olhe para os países exemplares e com eles se aprenda alguma coisa.

No entanto, é certo e sabido que não se pode falar em investimento na Educação sem antes cuidar do seu maior activo, os professores. É preciso colaboração de todos, mas sobretudo daqueles que no dia-a-dia estão nas escolas. Sem eles dificilmente se conseguirá tornar o PENSE consensual. É mais fácil identificar-me com qualquer que seja o plano se tiver tido uma colaboração activa na sua construção e desenvolvimento. Se o sentir como “meu”, serei com certeza mais empenhado em resolver e ultrapassar qualquer dificuldade inesperada. Os professores têm de deixar de ser meros executantes, de fim de linha. Têm, isso sim, de ser parte integrante e activa de todo e qualquer processo de alteração das linhas orientadoras do sistema educativo.

O sistema de ensino tem demasiados actores que se sujeitam a um conjunto de normas, conceitos, estereótipos e modos de pensar, sem os questionar. Cumprem ordens, concordando ou não, sem fazerem um mínimo de reflexão sobre o acto. É assim, não interessa saber porquê. Mandam fazer, faz-se!

As escolas têm de preterir as trivialidades supostamente livres em favor do que verdadeiramente importa. Caso contrário, estaremos a caminhar para uma sociedade com duas escolas: uma, que valoriza o conhecimento e premeia o estudo e o esforço, para quem pode pagar; outra, para o povo, cheia de flexibilidade e carregada de projectos, planos e respectiva burocracias, que mais não servem que para registar como “evidências” coisas que na realidade não o são.

É para acabar com esta desestruturação de um país, que na Educação tem várias velocidades, que anseio por um Plano Estratégico Nacional Para O Sistema Educativo. Só assim! Eu acredito!

Alberto Veronesi

Fonte: Público