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Diário De Uma TEIP – Voltámos… E agora?

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Ao fim de quase seis meses regressámos às Escolas e pedem-nos o mais difícil… Distanciamento!!!

Quem trabalha com crianças mais pequenas, da pré ou primeiro ciclo, sabe que é quase impossível os alunos não nos tocarem (ou nós neles) ou não mexermos no material que utilizam. Tentamos a todo o custo evitar tocar nos seus cadernos ou fichas, mas o que fazer quando algum nos vem pedir ajuda para abrir o saco do lanche? Ou abrir a mochila que tem o fecho preso? Ou a caixa do afia que não sai? Ou aquele que oferece um desenho acabado de fazer e fica à espera de um abraço ou uma festa? E o que vem para a escola nos primeiros dias e nem um lápis traz vai ficar a olhar? Ou o que pede “Ajuda-me a desenhar esta letra do meu nome que já não me lembro como se faz…”. Também há os que ao fim de todo este tempo sem nos verem, vêm ter connosco a correr à procura daquele abraço diário e que agora não podemos dar. E eles precisam tanto…

Estes são alguns exemplos de apenas dois dias de aulas e que foram tão difíceis, a tentar reprogramar todos aqueles gestos que nos eram tão intuitivos e familiares. Aquela alegria do reencontro, das festas e abraços, foi substituída pelo receio, pelas regras repetidas até à exaustão, pelo distanciamento, pelos circuitos, pelas novas rotinas – lavar e desinfetar…, pelos recreios desfasados e em espaços delimitados. E os miúdos a perguntar “Está ali o meu amigo!! Posso ir brincar com ele?”… Não, não podes, ele faz parte doutra “bolha”. E ficam a olhar um para o outro, tristes, cada um do seu lado da fita vermelha e branca que separa os espaços das duas turmas. E nós sentimos a tristeza dos nossos alunos numa Escola que agora é diferente, obrigados a cumprir regras que não os deixam ser crianças e que a nós não nos deixam ser os professores que gostamos de ser. Até quando?