A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) realizou um inquérito ao qual responderam 175 escolas de todo o país, que são frequentadas por cerca de 90 mil alunos e contam com seis mil professores desde o ensino pré-escolar até ao secundário, de acordo com dados avançados pelo diretor executivo da AEEP, Rodrigo Queiroz e Melo.
Segundo o documento a que a Lusa teve acesso, todos os colégios, desde o 1.º ciclo até ao secundário, recorreram a aulas virtuais como método de ensino e mais de 90% dos pais, alunos e professores aplaudiram a forma como se conseguiu fazer a transição das aulas presenciais para o ensino à distância.
“Excluindo o pré-escolar, todos os demais níveis de ensino demonstraram uma plena utilização de sistemas de videochamada para a lecionação dos conteúdos letivos e uma vasta maioria recorreu a plataformas virtuais para a docência, como método ou complemento das aulas à distância“, explicou Rodrigo Queiroz e Melo.
No ensino básico e secundário, 100% dos colégios tiveram aulas virtuais, enquanto no pré-escolar foram 77,1% os estabelecimentos que recorreram a aulas virtuais para o desenvolvimento de atividades com as crianças.
Se as aulas virtuais através de videochamada foram o meio mais utilizado para as atividades letivas, os professores também enviaram fichas de atividades por e-mail aos seus alunos e, em alguns casos, fizeram acompanhamento telefónico.
“O ensino privado demonstrou uma rapidíssima capacidade de adaptação à transição para o ambiente digital e isso deixa-nos muito satisfeitos, porque as aulas continuaram e os alunos puderam concluir os seus percursos educativos neste ano letivo que foi muito atípico“, sublinhou Rodrigo Queiroz e Melo.
O inquérito, iniciado durante o período de confinamento e terminado ainda antes do fim do ano letivo que terminou em julho, permite concluir que a transição para o ensino não presencial após as férias da Páscoa “se processou de forma muito célere”.
Para aferir da satisfação de alunos, professores e pais sobre o ensino à distância, foi pedido que pontuassem o grau de satisfação numa escala de 1 a 10, sendo “1” muito insatisfeito e “10” muito satisfeito.
Oito em cada 10 alunos responderam “muito satisfeito” com o ensino à distância e 17,1% mostraram-se “satisfeitos”. Apenas 2,3% dos estudantes deram “negativa” ao trabalho realizado pela escola.
No total, 97,7% dos alunos revelaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos, concluiu o inquérito a que a Lusa teve acesso.
Também os pais dos alunos aplaudiram o trabalho realizado pelas escolas, com 94,9% a dar nota positiva: 52,6% mostraram-se muito satisfeitos e 42,3% satisfeitos. Apenas 5,1% atribuíram uma nota entre o dois e os quatro valores, numa escala de zero a 10.
Quase a totalidade dos professores (97,7%) disse estar satisfeita ou muito satisfeita com a adaptação das escolas ao modelo de ensino à distância. Oito em cada 10 docentes responderam “muito satisfeito” e 17,7% “satisfeito”. Apenas 2,3% não gostou da experiência.
A evolução dos casos de covid-19 em Portugal levou o Governo a decidir em meados de março que todos os alunos deixariam de ter aulas presenciais e que o ensino seria feito à distância.
A decisão obrigou a que as escolas tivessem apenas três dias para se adaptar à nova realidade.
“Desejavelmente, o próximo ano letivo será com aulas presenciais, na escola, que é o lugar mais adequado para os alunos efetuarem os seus percursos educativos. Contudo, em caso de necessidade, as escolas privadas estão prontas e apetrechadas para continuarem a sua missão educativa, com qualidade e as ferramentas adequadas”, garantiu o presidente da AEEP.
O próximo ano letivo começa entre os dias 14 e 17 de setembro e também o ministro da Educação já veio garantir que as escolas estão a trabalhar para que as aulas sejam presenciais. No entanto, a tutela admite que possa ser necessário avançar para um modelo misto ou mesmo à distância, tendo em conta a evolução da pandemia de covid-19 e a realidade das diferentes escolas.